quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Venham mais cem anos assim!

Hoje, e como em todos os vinte e três Reveillon’s que já lá foram, ao fazer a minha típica retrospectiva do ano que se vai tornando pontualmente e bem passado, dei por mim, como é habitual, a sorrir. Confesso e sei-o motivo para uns de regozijo, mas sou dos poucos espécimes que conheço que se ri quando se olha ao espelho. Não sei ao que se deve em particular, mas dada a minha ordinariedade, imagino-o em especial. Não sei se é filosofia de estar na vida, desenho-o mais como a minha própria forma de ser. Cada um escolhe a postura que mais se adapta ao seu trono – só tenho pena é que eu e a minha família vamo-nos tornando cada vez mais originais.
Hoje, ao invés dos outros anos, em vez de novos e simultaneamente repetidos mandamentos para o que aí vem, às doze mecânicas badaladas vou pedir “Quero continuar…”. Os que me vão conhecendo sabem que todos os anos, aquando o meu desejo concedido pelas doze passas e respectiva lingerie vermelha por estrear, fadas-madrinhas de condão dos anos-novos, peço sempre “Quero ser feliz”. Vou entrar com o pé direito a sorrir, abraçando e despedindo-me do que deixei.
Hoje, e para sempre, vou agradecer a felicidade que todos me deram, dão e irão dar. Quero continuar a ser feliz. Desejo contar as minhas fantásticas viagens pelas décadas ao meus netos durante mil e uma noites. Magia ou não, é a única garantia que tenho até morrer e posso dar aos outros. Pois, para eu o ser, à minha volta também têm seguramente que o estar. Os que amamos são fonte de sonhos. Toquem-lhes sempre.
Hoje, ontem e amanhã, nada irá acontecer por acaso. Por isso, a todos um 2010 melhor que o meu 2009. Ficam com a minha maior e mais querida relíquia.

Beijinhos e muita folia para logo!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pena de Morte: Será a solução?

"Condenado à morte sobrevive à injecção
2009-12-10
Foi picado pelo menos 18 vezes, mas não conseguiram encontrar uma boa veia. Para já, sobrevive, à espera de saber se pode voltar a ser executado.

Um condenado à morte no Ohio, Estados Unidos, que sobreviveu à execução, fica livre do acto uma segunda vez até que a Justiça se pronuncie sobre a sua legalidade, decidiu quarta-feira um juiz.
A 15 de Setembro, a equipa encarregue da execução procurou, em vão, durante duas horas a veia para administração da injecção letal.
Romell Broom, um negro de 53 anos, foi condenado à morte há 25 anos.
Pela primeira vez desde 1946, um condenado à morte sobreviveu nos Estados Unidos à sua execução.
Segundo o advogado de Broom, este sofreu "pelo menos 18 picadas" nos braços, nas mãos e numa perna, apresentando agora um "desgaste psicológico". JN
18 picadas em várias partes do corpo?! Não será que estamos a entrar pela mesma obscuridade dos crimes que este "homem" cometeu?

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Todas essas localidades são aqui pertinho pertinho




"Marco um risco?"
 Isto é muito bom.



Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

A Roberta, depois de uma ronda no Hi5, desceu à Terra e disse:

É fantástico de ser ver toda a pessoa que se dedica profissionalmente à ingestão incontrolada de álcool. É ser-se bêbado sóbrio e bêbado quando se está efectivamente bêbado. A fama tem destas coisas. Gente retirada a ferros das Serras longínquas são dignas de um púlpito sub-urbano numa Casa de Pasto qualquer.
Ainda criticam o Tele-Rural. Esquecem-se que as pessoas e os seus companheiros imaginários tropeçam nas vielas e riem à desgarrada, como seres incontroláveis de tão torpes que são. Os músculos descontrolam-se e as faces ficam rosadas, tal e qual o Zé Povinho do Bordalo Pinheiro.
O vinho chega a casa e discute com a mulher e com os filhos. O vinho chega a casa e senta-se como um porco em frente ao televisor. Não vê nada. Está bêbado e analfabeto como quando saiu do trabalho para a tasca da esquina. O vinho chega a casa e faz sexo à porco com a sua querida e subtil vaca submissa. É o cio dos Homens e a escandaleira das bibliotecas confessadas, no século passado,  pelo Vaticano. 
O vinho cobre aquela sadia porca e cobrirá porcamente outras tantas porcas que se lhe adicionarão aquela pérfida e imunda pocilga.


Roberta Paliativa

Fitas políticas

O Jornal i descobriu hoje que a oposição pode legislar legalmente. Afinal não é só o Primeiro-Ministro que tomou conhecimento desta "novidade" jurídico-constitucional.
A Assembleia da República, composta por mais partidos além do de Governo, tem como função primacial a Legislativa. Engraçado como a democracia portuguesa anda adormecida pelas maiorias absolutas. Pensa-se que a Assembleia da República é um mal-maior e o Governo algo tirânico que não deve resposta aos outros órgãos de Estado. Leia-se a Constituição e entenda-se o que lá está escrito. Ainda não temos partido único, caros senhores. Há democracia plural de modelo ocidental, baseada no debate e na discussão de argumentos (algumas vezes com o circo dos oradores e tudo, à maneira Grega do antigamente).

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira 

"SEXO E A CIDADE 2"

Mais uma vez estas quatro meninas senhoras Nova Iorquinas vão fazer as maravilhas das telas do cinema!
Conquistaram durante anos o pequeno televisor e agora brindam os telespectadores com a sua magnificência, elegância, charme, criatividade, bom gosto, sinceridade e acima de tudo amizade, nas salas de cinema.

Maio ou em Junho de 2010 estas ladies esperam por nós! Eu Vou e Vocês?

Para terem mais ou menos uma ideia do que nos espera, deixo aqui um breve mas delicado cheirinho





Deixei-vos ansiosos?

Sem mais,

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Aqueles que...

Aqueles que conheci
Aqueles que julgo conhecer
Aqueles que, eventualmente, virei a conhecer superficial ou intimamente
Aqueles que ainda penso e sinto falta
Aqueles que contribuíram para o meu crescimento psicológico, emocional, intelectual
Aqueles que foram, mas estão presentes
Aqueles que estão e quero que se mantenham perto
Aqueles com quem passe os bons e os menos bons momentos
Aqueles que me acompanharam sempre que precisei
Aqueles que espero que me acompanhem neste longa, mas efémera viagem
Aqueles das borgas e caminhadas
Aqueles que foram importantes nas manhãs, tardes, noite, madrugadas. Cada minuto, segundo contou
Aqueles que nunca esquecerei...

Bem, a todos aqueles que me ajudaram a ser quem sou. Com a presença de todos, o saldo da viagem até agora tem sido bastante positivo.

A todos estes, sem ou com vossa presença física,

I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And than a kiss
But more than this
I wish you love

And in july some lemonade
To cool you in some leafy glade
I wish you health
And more than wealth
I wish you love

I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
And most of all
When snowflakes fallI wish you love





Ah e como claro está um ÓPTIMO ANO 2010 PARA TODOS NÓS!!!
QUE A FELICIDADE, SAÚDE, AMIZADE, E RIQUEZA (!) ABUNDE PARA ESTES LADOS!!!
QUE A PROSPERIDADE ABRACE O "NOSSO POVO"...

Requiem por um sonho


Wolfgang Amadeus Mozart

Na minha versão preferida - pianissimu.
Toco o derradeiro Si e suspiro como se o ar queimasse.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Espelhos

Esta tarde fria de Inverno, que podia ser como outra qualquer, fez chover como se houvesse chovido desde a primeira página do Mundo. O dia, no entanto, não vai prometer mais que o próprio dia, por saber que tem decurso e fim. Seguro um Porto na mão, e a devoção na outra, enquanto vou escutando a voz do optimismo na primeira pessoa. O que ontem me ficou no ouvido pode tender a dividir a razão entre a subtil diferença entre dar uma mão ou acorrentar uma alma, ou pode ser tão-só uma singela passagem de uma vida alheia, nada tocante a sensações terceiras. A mim, o estranho seria se ao lado passasse.
“Enquanto subia a mesma rua que me levava ao trabalho, todos os mesmos dias, só conseguia pensar que a felicidade que estava a sentir era irreal”. Uma potência em espírito com esta magnitude, ao ser assim tão esguia e escorregadia, consegue, quase como por milagre divino, transportar-nos para um lugar belo, iluminado, revitalizante, onde as cores são vivazes, os cheiros frescos, os sorrisos eternos, os pés flutuam, entre uma infinidade de sentidos mais despertados. Já foi alcançada de todas as formas, feitios, recortes e moldes; não sou eu que a aqui a vou dirimir. Convido-me é a desenhá-la por um ângulo, a meu ver, deambulante e frio, como o rasto molhado que ela deixa quando se esvai. Amor que com amor se paga.
Basta-me olhar para o meu lado direito e constatar o que constatado está. Tornamo-nos tão sonhadores e contemplantes concretizados quando temos os dois pássaros na mão, que vamo-nos vaidosamente cativando a nós mesmos ao contemplá-los, sem lacrar a gaiola dourada. A ave de Minerva que ontem me foi despertada entristeceu-me, ao acordar-me da insónia que protesta por querer sorrir mais. A minha ave, mais do que coruja, é gaivota. O meu olhar penetra na escuridão dos que tudo vêem e pouco conseguem fazer com isso, e levo-o comigo com as asas do vento para longe. A estória que me despertou hoje acabou mal. Infelizmente.
Passamos metade da corrida a considerar que o que temos entre os braços não está ao nosso alcance; e a outra metade a vê-la partir. Escondemo-nos atrás do Cronos para esquecer, confiando que este seja um comboio sem volta, e que o bilhete seja só de ida, sem ingenuamente sabermos que este só leva o corpo. O resto fica preso à recordação, e vive nela como se carne se tratasse.
É atroz a falta de poder que temos sobre algo tão volátil, e o tempo encarrega-se de a tornar efémera, ao mesmo tempo que a grava em mármore branco e caro. Por não ser corpórea, não a conseguimos laçar no espaço pretendido, nem despertá-la quando necessitamos, acabando por perder quase tudo o que é vital para sobreviver; pois nesta incessante quimera não vivemos condignamente – ela limita-nos à mera e inócua sobrevivência. Se fossem visíveis na areia inexplorada, os nossos passos seriam rasos e tímidos, e rapidamente apagados pelo mar. Com o receio de se estar a provar mais do que aquilo que se pode ter, prendemo-nos os movimentos e o livre arbítrio sobre nós próprios, e permitimos que nos sugue lentamente o ânimo, a plenitude, o êxtase inicial. O imenso poço habitado pelos nossos profundos desejos, os quereres mais ambiciosos que o ouro, vão-se tornando passo a passo vago sopro do que não ousou viver, mudez do que não pôde sentir, murmúrio inútil do que não quis pensar.
E aí a felicidade vai-se. Como o vento que não quis ser soprado, como o dito que não foi dito, como o castelo de areia que não se conseguiu formar, como a história onde não se entrou, como uma carta que não foi enviada, ou como um livro que não se conseguiu acabar de ler…
O fim que visionáramos com olhos lassos volverá em adágio e desaparecerá por certo do horizonte. De tanto e tão pouco viver, só o rascunho guardamos; e de tanto olhar, tornamo-nos em outros que não somos. Fujamos de nós então.
Ou é este o espelho por onde nos queremos talhar?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Have yourself a merry little X-mas...



E que o "little" não seja devido à crise! :D

Feliz Natal, companheiros!


The First Noel - The Fray

Um santo e feliz Natal a todos, sem excepção. Façam do Natal não o tempo do velho de barbas brancas, mas antes do menino Jesus, frágil e humilde, num recanto a-material da existência, rodeado do mais importante: o amor das pessoas. Sejam felizes, hoje, mais do que nunca.

Beijos e Abraços,
Luís Gonçalves Ferreira

O menino Jesus veio mais cedo para quem estuda Direito

Notícia de última hora: Demissão em bloco dos membros da Comissão Nacional de Estágio e Formação da Ordem dos Advogados.

Depois de uma reunião de apreciação do novo regulamento de Estágios, que foi aprovado pelo Conselho-Geral, os 11 membros desta Comissão decidiram ontem demitir-se em bloco, protestando contra aquilo ...que consideram ser "uma desconsideração institucional", visto que os regulamentos foram aprovados sem tal ter sido comunicado à Comissão. Falam também de "ausência de discussão", "contributos sistematicamente ignorados", "contradições insanáveis", e colocam dúvidas de conformidade constitucional, legal e implementação prática do referido regulamento. Criticam também o Bastonário, cuja abordagem caracterizam de "superficial, demagógica e infundada".

Uma boa notícia para os estudantes, que vêm assim as suas posições reforçadas e apoiadas pelos próprios órgãos da OA. Aguarda-se um Natal difícil para Marinho Pinto...

Aqui estão os diplomas da discórdia:
http://www.dre.pt/pdf2sdip/2009/12/242000001/0000200013.pdf
http://www.dre.pt/pdf2sdip/2009/12/242000001/0001300014.pdf


Obrigada Maria João, Ary Ferreira da Cunha e AEFDUP.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Começa a contagem decrescente...


Caindo mais uma vez na inevitável vulgaridade, envio deste meu cantinho os votos de um Feliz Natal!

Sem mais,



Mais uma noite de introspecção!

É o que faz estar de "férias"...

Bons sonhos pessoal!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

É só mesmo por isto...




É só mesmo por isto que...não estudo mais
É só mesmo por isto que...dedico grande parte do meu tempo a ler revistas, a ver televisão, em comprar roupa, em ir ao cabeleireiro, em passar tardes nos cafés, em jantar fora, em beber caipirinhas e gins feitos pela Nádia
É só mesmo por isto que...não passo horas na biblioteca, nem nas aulas
É só mesmo por isto que...não passo o tempo que deveria passar a ler livros sobre Direito
É só mesmo por isto...que não me ponho a pé cedo
É só mesmo por isto...que pretendo não pensar mais do que o estritamente necessário
É só mesmo por isto...ai me farto de estar deitada no sofá a relaxar. Para ser sincera, já me dói as costas
É só mesmo por isto...que em Julho me recuso a ir a exames de recurso. Não me privem da praia!!!
É só mesmo por isto tudo que não tiro melhores notas: EU NÃO QUERO FICAR MALUCA!

Mas, será que apesar de me tentar abstrair de todos os males do Mundo, consigo manter alguma sanidade mental?
Eu sinto que ela se está a desvanecer!!!

Por isso, Papi e Mami não me voltem a perguntar porquê que não tiro as notas que tirava no secundário! Está aqui a minha explicação.

Sem mais,

Body language



Damn! ;)

Silêncio do sonho

Quieto, frio e roxo. Mexo o cadáver. Está vivo só porque respira e expira. A morte vem-lhe de dentro para fora, onde os suspiros não são com a boca, mas antes com o coração.  Os dedos mexem, os tímpanos ouvem, o nariz percebe e a boca sente. Os olhos, em baratos movimentos, respiram um pesadelo. Os braços começam a mexer. As pernas tremem. O ritmo cardio-respiratório vibra e mexe e é intenso. A energia negativa do cérebro toma conta da mente, deixando-a amarrada, com os ferros dos neurónios, ao sonho profundo. A luta continua e o tempo colapsa. A consciência despertara de forma crua e nua, sem respeito pela pessoa que fora, por breves instantes, na sua mente. Os sentidos do mundo verdadeiro despertam. O cérebro apaga a informação excedente, para mais tarde, no calor de uma conversar, permitir um falso desabafo.  O sexto sentido dá mais às mulheres que aos homens. Sonhadoras por natureza, elas sabem mais dos outros do que os homens, por energias metafísicas e hormonais. É a sensibilidade ao sonho enquanto processo cognitivo... Amanhã, ao acordar, não sei se me lembro do corpo cadavérico que fui, em cima da cama, esta noite.

Silêncio. O maestro vai dormir para que a orquestra possa tocar livremente, sem as correntes da razão que a pauta e a vara têm...


Luís Gonçalves Ferreira

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Só por que faz bem à alma

Leona Lewis
Stop Crying Your Heart Out
Composição original dos Oasis (2002)




Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

Uma pequena reflexão em jeito de despedida

«Perante a situação do país, o Governo, em vez de optar por uma governação empenhada e corajosa, tendo em conta os interesses do país, optou por centrar o seu discurso na governabilidade, na chantagem política, na vitimização, e quase num desafio às instituições de soberania como o Presidente da República e a Assembleia da República», declarou a presidente do PSD.

«Como resultado desta opção, estamos a assistir ao desmoronar total das instituições, ao seu descrédito, o que vai desde as empresas públicas até à Administração Pública ou à justiça», acrescentou. 
Manuela Ferreira Leite, no jantar de Natal do grupo parlamentar do PSD
in Sol


Concordo.
Sócrates encenou, depois das legislações, um circo mediático em volta dos acordos interpartidários para  formação de Governo. Todos sabiam, ao cruzar Belém, que aquilo era um início de um jogo. De hoje em diante, perante a instabilidade da maioria relativa da bancada socialista, Sócrates terá a boca cheia para acusar os partidos políticos com assento parlamentar de tudo. Tudo o que o desconhecimento político-constitucional permite e deixa. Tudo o que o povo aceita ser dito. Tudo...
Até agora nem Governo temos, entre fogos políticos e bombeiros parlamentares. Deficit democrático, é isso. Não sabemos viver a democracia plural, onde se discutem ideias e opções, sem a ditadura das maiorias absolutas. Que Cavaco Silva tenha razão e o ano novo nos traga alguma estabilidade. Adores e dramas políticos desnecessários é tudo o que este Portugal não precisa.
Petrificado e maculado de crise. É assim que se encerra a primeira década do século XXI. Até 2010, país político. Até 2010...

Luís Gonçalves Ferreira

Vulgaridades...




Depois da já ter ouvido, dito, escrito, mas definitivamente ter escutado mais do que falado, expresso aqui e agora a minha exaustão em relação àquela expressão que tantas vezes é pronunciada nesta altura do ano.
Bem, antes de causar qualquer embaraço ou até alguma tristeza nos vossos corações derretidos por este espírito, pretendo fazer um wake up call (desculpem estes estrangeirismos. Não se assustem: continuo defensora acérrima da língua portuguesa.)
Eu sou assumidamente uma apaixonada pelo Natal pelos seus variados encantos, mas a verdade é que não me deixo ir nesta onda de amizade, amor, fraternidade e até um quê de piedade que para ser sincera irrita a pontinha do cabelo mais insignificante.
Desde já, uma das coisas mais vulgares, ordinárias é fazer os arranjos de Natal dois meses antes de tal evento. Porquê? É claramente a pergunta que impera na nossa cabeça, quando assimilada a informação captada. Não serão os tais enfeites uma forma de incentivar as compras natalícias? Se bem que como é óbvio o bom português deixa tudo para o fim.
Mais uma: Porquê que só nesta altura é que toda as pessoas se encontram empenhadas em ajudar o próximo? Não deveria ser todo o ano?
Sim, concordo: mais vale uma vez no ano do que nenhuma.
O que realmente me faz espécie e que lamento em pensá-lo e agora em dize-lo é que os dias 24/25 de Dezembro são os dias em que as pessoas se preocupam em realmente demonstrar os sentimentos nobres, para no dia 26 e seguintes voltarem ao normal. E, o que é o normal: é nosso quotidiano. É o que assistimos cada vez que pomos o pé na rua: desde mendigos a pedir dinheiro, pessoas a passar fome, guerras, discussões no trânsito, entre outros.
O que quero tirar destas ilações: deveriamos prolongar, esticar estes dias. Deveriamos dar mais do que 48 horas de amizade, compaixão, generosidade, altruísmo ao ano.
Não digo que Natal deveria ser todos os dias, pois mesmo que não se queira assumir, estamos sempre à espera de umas prendinhas no sapatinho e uma mesa recheada de doces. Por isto mesmo, não seria muito proveitoso por dois motivos: a conta bancária perderia o seu verdadeiro encanto e a nossa forma física nunca mais voltaria ao mesmo!
Mas, os sentimentos nobres poderiam estar sempre presentes em nós.

Não deixemos vulgarizar a expressão que acima referi como tantas outras. O significado de certas e determinadas palavras só são sentidas, quando pronunciadas com sentimento e não quando nos dá na gana.
Temos o privilégio de ter uma língua sentida, dura, nua e crua.
Até isso vamos deixar escapar?

Por isso, Caros Leitores, juntemo-nos, sim, no dia 24 de Dezembro, mas não é necessário, nem pretendido que no dia 26 nos separemos.

Comam, bebam, abram os presentes, sejamos felizes e reprodutores dessa alegria todos os dias do ano.

Um brinde à vida?

domingo, 20 de dezembro de 2009

Coisa qualquer



When I was a young boy,
My father took me into the city
To see a marching band.
He said, "Son when you grow up,
would you be the savior of the broken,
the beaten and the damned?"

Welcome to the Black Parade
My Chemical Romance

Um sonho negro, volátil, completamente volitivo. Uma excursão da morte carregada de melancolia, medos e ódios ancestrais. São tesouros de um povo. Jugos podres de cadáveres, desses corpos sem vontade nem apetite sexual. Na penumbra da Glória, vive-se na obscuridade e na submissão. Ao sol somos brilhantes, mas a luz própria apaga-se. Nas trevas da noite, onde a luz natural se devia ver, o pavor trabalha e malha sobre os sorrisos, sem piedade.

Esta minha instabilidade irrita-me profundamente. Ora sou sol e depois lua, ora sou luz e depois treva, ora sou Rei e depois escravo de mim. Tento arrancar o espírito a ferros frios, de dentro para fora, sem crer no invés. Não consigo. Mordo-me por dentro, fustigo-me, navalho-me, magoo-me. São espinhos de carne, cheios de sentimentos negativos e de memórias recalcadas. Não serei capaz de sonhar com fadas e maravilhas? Este corpo potrificado não deixa nem quer novas coisas. Vomito-me nas palavras, sem tempo para reflexões. Dedos à goela e acendem-se as chamas da interioridade. Sou luz novamente. Exorcizo-me, exteriorizo-me, extravaso-me assim. Depois da negritude vem a branquitude, onde a discricionaridade entre os extremos é graduada em cinzas e cores estridentes. Entre os dois pólos sou. Entre os dois cantos fui hoje, aqui, mais uma vez. Sou complexo. Sou-o no extremo, daí a vossa incompreensão.

É a parada negra repleta de camas e estandartes de caveiras e ossos. Acendam-se as tochas, desçam os capuz, tapem a face, sejamos um só, mais uma vez, como se o corpo de pouco valesse. Alma sem corpo não existe, com excepção feita às massas despersonalizadas, mas cheias de valores comuns. O valor de cada, enquanto Ser, está metido em frases pomposas, feitas pela classe dominante. Deus fugiu e não quis assistir a isto. Não são estes os Filhos do Homem.

Ergam-se as bandeiras. Afiem-se as espadas. Saquem-se das trompetes e dos canhões. Esqueçam-se as dores e o sangue. Era assim que eu queria sobreviver. Sem mim e vazio das tristezas que me assolam... Tudo seria mais fácil. Muito mais simples.  

We'll carry on.  Because the world will never take my heart. We'll carry on.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

Diário de viagem

Perdida por entre quatro paredes de um pequeno imenso Universo, encontro-me – reencontrando-me – em plenitude com o ser e com o estar, num Éden feliz, afastado e inatingível ao destino dos comuns. Contemplo uma avassaladora paisagem já sentida, mas só agora descoberta, onde o som ensurdecedor das cascatas embebede-me de energia e orientação; limpidez e harmonia em estado líquido que me lavam os sujos sentidos, assolam-me o desafogado espírito, e domam-me os desassossegos da inquietude.
É uma terra de gentes como outra qualquer. “Não olhais aos nossos pecados, mas à fé da nossa Igreja”, emudecem os sinos da capela ao lado; ordenam-se-lhes os céus, cumprem assim a Sua vontade. Não os posso censurar: é o acreditar que nos move. Contudo, quem pode omnisciente ditar o que deve ser proibido? É um lugar nosso e também do Credo, onde ainda não foram professadas as verdadeiras preces do Homem citadino. Com o vagar sempiterno destas paragens, condenam-nos os pesares terrenos com a inocência e crueldade de criança, e a experiência adunca de um velho do Restelo. Sem dolo nem palavras esdrúxulas e caras, ferem – suspeito que sabem que o fazem. Observam-me divertidamente os gestos como se de outra constelação proviesse: o beber do café, a face sonolenta, a delicadeza à hora da refeição, o tique do cigarro, e a pronúncia da minha cidade. Zombam os meus hábitos e eu praguejo os deles; porém, estes dias preencheram-me o ânimo de uma amena sensação de pequenez de corpo, que me escasseava por entre os vales de onde eu vim. Conservarei com carinho a sombra da sua companhia, ao mesmo tempo tão caricata e tão solene.
De manhã, no alto dos ermos das montanhas temos, quando chegamos, a sensação de supremacia. Hoje fui, por privilégio de posição, rainha do mundo visível: o máximo dos nossos lugares ficou-me na sola dos pés. Pés estes que – terna e placidamente, sem dúvida – esvoaçaram em saltos de fantasia e plenitude, saltaram em vales de delícias cândidas e caducas, bateram ferozmente em mares revoltos, e vestiram-se de leves pliês de bailarina em recônditos perenes.
Pela aurora, as mãos apoderam-se de um piano que, qual tapete voador, me transporta aos sabores plenos da infância achada, da saudosa inconsciência. Em êxtase, lembrei o quão prazer me dá saber tocá-lo. Envaidece-me, o triste de pó camuflado.
À noite, transeunte de corpo e alma por ruelas, iluminadas só por ébrios focos de Lua, destinadas a um riacho, vagabunda do meu essencial, vejo os altos claros da aldeia esplender, com a glória de uma matriarca de trono alheio. É um lugar encantado. Há aqui sensações cósmicas, ilustres ocupantes dotadas de uma névoa que percorre toda a imensidão do espírito, que não deixam pensar, que não deixam agir, que não deixam claramente ser. Vim para esquecer ser por uns breves dias, voltar a ser projecto de vida, regressar à escuridão e segurança do ventre materno.
Na falta de saber, escrevo. Escrevo o que sinto porque só assim diminuo a febre de sentir. O meu sentir é louco, imaterial, antagónico ao que digo; assim, faço paisagens escritas à mão do que sinto – como uma louca que lança as cartas para procurar o seu Destino. Cheguei quase a castigar-me, culpando-me pela fúria que me instigou a pegar na caneta, prometi-me paulatinamente que não o faria. Tenho estados destes, apocalípticos de contradição. Mas, se não o positivasse, como abrandaria este caos, esta vontade de dominar a minha assaz fera de desenhar as minhas heresias? É instintivo: por vezes, anseio escrever como quem respira, como quem aceso arde, como quem mendiga para sobreviver, como quem chora incessantes lágrimas sabidas inutilmente derramadas.
Paz. Procurei-a por entre diários passados, sem a vislumbrar. Reli-os novamente. Sacudi-os aflita, pensando que tinha ficado emaranhada nas linhas entrecruzadas; rebusquei sobre a mesa, na ânsia que se tivesse extraviado por entre papéis amassados; procurei pelo tapete, pelos cantos dos sonhos esquecidos. Olhei para o tecto, na esperança que ela tivesse sido levada pela vento, e estivesse pousada num dos tantos momentos calcados; revirei os bolsos, rebusquei os cantos do sofá e nada. Despi-me vaga e cuidadosamente, não a tivesse eu guardado sobre o coração.
O Sol teima em me nascer cada vez mais imperioso sob o meu quintal, e eu outrora invejei quem se soube estender a contemplá-lo. Estou a aprender-te, caro amigo. Rodeio-te indecisa sem saber qual dos teus quentes raios agarrar, como um lince artimanha a sua presa. Receio que te desvirtues dos teus singelos mistérios – se não os tiveres, não te quero. Alicia-me, vá lá. Fortalece-me como sempre tão cinicamente fizeste. Eu aguento-me agarrada à margem: os meus telhados de vidro mostram-te que não abraço o medo. Resiliências que me são intrínsecas, é o que lhe chamam estes que te adoram e que se adornam vaidosamente de ti.
Abandonei as imagens a carvão no lixo da estrada. Estou à mercê desta paisagem; inspira-me. Traz-me sede, como se num deserto sem mapa me encontrasse. Posso ser tudo o que sonho. Tenho asas! Vislumbro uma tímida estrela a cintilar sobre a minha janela. Vou roubá-la ao céu e guardá-la junto da paz, que tranquei dentro do peito.

Por aí,

Nádia

Ainda falando de Berlusconi




Os palhaços não existem só em Portugal, nem somos tão-pouco o único povo que gosta de mártires e de tau-taus políticos constantes. A Itália chegou a um extremo estranho. Vamos ver no que isto vai dar...

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Mário Crespo e "O palhaço"‏

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.Ou nós, ou o palhaço.

Idem,

Obrigada Eduardo! "It's been a hard day's night" :) *

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Novo membro da Greenpeace!


Caros colegas, ontem decidi ser um pouco mais útil para a sociedade e juntar-me a uma organização que me diz muito: a Greenpeace.
Antes de mais, o que é a Greenpeace? Para quem ainda desconhece, a Greenpeace é uma organização não-governamental que actua internacionalmente em questões relacionadas com a preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com campanhas dedicadas às áreas verdes, clima, nuclear, oceanos, engenharia genética, energia renovável e outros...
A Greenpeace procura sensibilizar a opinião pública através de actos, publicidades e outros meios.

Possivelmente não me verão presa a árvores ou a fazer de cordão humano numa praia pois, ao contrário do que muitos pensam a Greenpeace transcende esses actos, que embora necessários não caracterizam por si só esta organização.
Basta uma inscrição e estarmos atentos ao que se passa no nosso Mundo e com uma simples assinatura podemos contribuir para a sensibilização da sociedade sobre problemas que muitas vezes simplesmente ignoramos.
Existem outras organizações não governamentais que têm feito trabalhos excepcionais para melhorar a qualidade de vida no nosso Planeta, seja ela física ou humana, nada melhor para incentivarmos o seu trabalho do que fazermos nós mesmos parte delas.
Aqui fica uma sugestão para ajudarmos a mudar o Mundo...

Aos 20 anos


20 anos. Surgiram naturalmente, como todos os que se lhe vão somar a seguir. Não custou a chegar aqui, porque sou feliz. Tenho amor, realização pessoal e académica e uma família estruturada. Sou um ser humano racional, mas extremamente sensível e instável. Com a idade aprendia a relativizar as coisas, dando razão a algumas vozes proféticas com as quais me fui cruzando.

Hoje não sou o mesmo Luís de há dez anos, pois as urgências e os contextos, feitos de sonhos, são obviamente diferentes. Sou um devoto de balanços. Sempre os fiz nos meus aniversários, principalmente desde o tempo em que juízo e a maturidade decidiram positivá-los e deixar-me, assim, voar no tempo pela força das palavras.

Somam-se-me vida e pessoas. São elas o mais importante de tudo. Assim, continuo a fazer-me delas nos dias particularmente especiais. Agradeço-lhes os anos carregados de felicidade e realização, feitos de mim, mas, sobretudo, dos outros. Sou todos os que me preza, amam ou simplesmente respeitam. Quero esquecer as tristezas e as desilusões. Quero fazer-me de vós, mais um ano. Quero-o aos 21, aos 31, aos 41, aos 51, e até onde o acaso da sobrevinda existência conseguir chegar. Tenho-vos, companheiros, como coisa certa na minha vida. Amo gente, faço-me de gente, porque sou gente, apesar de cada vez acreditar menos na inata bondade do ser humano.

As relações sociais e os sentimentos dos outros moldam-nos e limam-nos as arestas, tantas vezes carregadas de farpas. Hoje deixo-me encher do mundo que me rodeia, e homenageio-vos, amigos. Amigos fartos de familiaridade, consanguinidade, amor, respeito e companhia. Amigos de hoje e de ontem. Amigos que me seguem e me cultivam a alma de paz e carinho.

Aos 20 anos estou feliz. Não me lamento de me ter cruzado com algumas pessoas menos boas. Conheço-me melhor depois dos testes reais, objectivos, em frente às adversidades. Pena é que o corpo não maquina e não responde sempre da mesma forma aos acontecimentos análogos. Por isso, procuro sempre a novidade para ser maior. Nunca quis só idade, mas também maturidade e conhecimento. Não vivo (nem quero viver) numa bolha de sabão, onde a amargura não está. Não é masoquismo isto de que falo. É tão-só a racionalidade de perceber que não controlo tudo, muito menos as outras pessoas e os seus comportamentos.

Quero-te família. Quero-te amigo. Quero-te sonho. Quero-te vida, acima de tudo. Enquanto sorrir, andar e for fiel a mim próprio, garanto-me em corpo e alma. Parabéns a vocês, porque fizeram de mim um ser capaz de amar a soma de anos que hoje comemoro. Parabéns a mim, ao corpo, que conta tempo. Ao coração não chegam minutos nem as cronologias frias e matemáticas dos homens. Ao corpo chega tudo, porque é a barra de colisão imediata, é matéria. Parabéns ao interior e ao corpo, porque não festejam um sem o outro, tal e qual eu não vivo sem pessoas.

Vamos ser felizes juntos mais um ano e a seguir outro, até à eternidade.

Luís Gonçalves Ferreira

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ainda acerca de Berlusconi

A Itália está-se a deixar levar por um caminho perigoso, numas mãos tentaculares, onde o poder judicial sofre ataques sucessivos por parte do executivo. Isto é sintoma de que algo está mal no Estado de Direito. O poder judicial é o primeiro alvo a abater quando se tenta usufruir dos poderes do Estado para benefício próprio, porque um dia há-de-se dar a socada fatal nas leis fundamentais que vigoram. Aí só restarão os Tribunais e a sua independência. Até lá, Berlusconi ainda vive num país democrático, cheio de tradições, catalogado de civilizado, onde, in extremis, também acontecem coisas parecidas aos Parlamentos coreanos ou às conferências de Bush. O monstro a-democrático tem poder económico e poder político. A partir daí é tudo facilmente apetecível pelo crer que todo o querer se consegue. Não consigo sentir compaixão.

Aconselho o artigo No-B Day, no Caderno, onde Saramago, entre outras coisas, diz:
Com a sua história, a sua cultura, a sua inegável grandeza, Itália não merece o destino que Berlusconi lhe traçou com criminosa frieza e sem o menor vestígio de pudor político, sem o mais elementar sentimento de vergonha própria. Quero pensar que a gigantesca manifestação contra a “coisa” Berlusconi (...)se converterá no primeiro passo para a libertação e a regeneração de Itália. Para isso não são necessárias armas, bastam os votos. Ponho em vós toda a minha esperança.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

Berlusconi agredido em Milão



" O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi agredido esta tarde em Milão no final de um discurso. Segundo a agência «Reuters», que cita fonte policial, o primeiro-ministro foi levado para o hospital a sangrar dos lábios.
O primeiro-ministro italiano já fez um TAC e deverá ficar em observações durante 24 horas. Segundo fonte hospitalar, citada pela «Rai», Berlusconi tem «ferimentos nos lábios, perda de sangue abundante e lesões em dois dentes». O «Corriere della Serra», citando fontes médicas, adianta que a TAC mostrou ainda «uma lesão no septo nasal» e que o tempo de recuperação deverá ser 20 dias.
O incidente ocorreu no final de um longo discurso com centenas de apoiantes. Berlusconi foi atacado enquanto dava autógrafos em pé já perto do seu carro. Durante o discurso, um grupo de cerca de dez pessoas insultou o primeiro ministro, chamando-o «palhaço» e pediam que renunciasse.
Logo após a agressão, o staff meteu Berlusconi no carro e levou-o para o hospital.
"

Sou assumidamente causaística contra a violência. Considero o uso das palavras um bem muito mais vantajoso para todo o tipo de relações, quer orientem o quotidiano íntimo pessoal, quer ao nível político. Mas, denote-se, a violência verbal pode ser tão repudiável quanto a violência física: ambas violentam a dignidade do ser enquanto pessoa humana.
Conquanto, esta notícia veio preencher o resto da minha semana de cor, regojizo e alegria. Penso que já estava na altura de alguém brindar aquele "senhor-que-diz-o-que-lhe-vai-na-real-gana-sem-olhar-a-quem" com uma recordação dos espizinhames que lhe saem das mandíbulas para fora. É outro dos quais que me envergonha enquanto ser inteligível pela razão e habitante no seio de uma comunidade politicamente estabelecida.
Estou feliz. E o "senhor bronzeado" também se deve estar a rir! Louvemos as vozes gritantes do povo, que tantas vezes foram necessárias para pôr fim aos arbítrios que assolavam as nossas sociedades contra um Estado de Direito, prioritário a todas as nações.

Viva!
Post Scriptum: isto está a ficar melhor que a nossa Assembleia. É "palhaços" por todo o lado!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Semelhanças à mostra

Pois é, caros leitores, andava eu a deambular pela net (não sou muito de surfar) faminta por novidades acerca do cartaz do Rock in Rio 2010, quando me deparo com uma afirmação que me pôs os cabelos em pés!

"Ana Malhoa acusa Rihanna de copiar o seu estilo
No seu blogue oficial, Ana Malhoa aponta semelhanças entre o seu visual e o de Rihanna: desde a roupa "ao sinal tão característico". E apresenta provas...
A "denúncia" pode ser lida no blogue oficial de Ana Malhoa e já está a dar que falar em redes sociais como o Facebook. A camaleónica cantora portuguesa acredita que Rihanna , a cantora de "Umbrella" (nascida nas Ilhas Barbados e não na América, como escreve Ana Malhoa), anda a copiar o seu estilo . A palavra à filha de José Malhoa: "A cantora americana Rihanna tem aparecido nestes últimos dias com um sinal muito ao estilo 'Ana Malhoa'". "Já não é a primeira vez que isso acontece, pois Rihanna no último ano tem optado por um visual em tudo idêntico ao da cantora portuguesa, desde as luvas, botas e poses sensuais, agora até o sinal tão característico de Ana Malhoa foi copiado por aquela que é uma das artistas mais consagradas a nível mundial". A dúvida fica no ar e encerra a intervenção colocada on-line hoje: " Será Ana Malhoa uma referência para Rihanna? ". Para provar as semelhanças, apresentam-se no mesmo site imagens de Ana Malhoa - que recentemente apresentou mais um novo visual - e de Rihanna. " Blitz
Ana Malhoa afirma que Rihanna tem aparecido, ultimamente, nas revistas, televisão com um estilo muito parecido com o seu.
Realmente, eu olhava para Rihanna e notava umas semelhanças com alguém conhecido. Finalmente obtive a resposta. É em tudo igual. Não há dúvidas.
Temos encontrado vários duetos: Beyonce e Lady Gaga, Justin Timberlake e Madonna. Será que um dia encontraremos Rihanna com Ana Malhoa?
Espero ver, no próximo MTV MUSIC AWARDS, Ana Malhoa a actuar e quiça ganhar um prémio!
Hum, agora suscita-me outra dúvida: será que Justin Timberlake andará a imitar o nosso querido T.T.? (confirmar, pf, o video Dança este som de T.T, isto para quem não está a par da vida musical portuguesa)
É, de facto, uma tristeza ligarmos a MTV, VH1 e depararmo-nos com as imitações que estes cantores de meio tigela fazem aos nossos. Enfim!
Sem mais,

FREEDOM!!!



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Playback mal feito



Carlos Paião escrevera e cantara:
Podes não saber cantar,
Nem sequer assobiar
Com certeza que não vais desafinar
Em play-back, em play back, em play-back!
Só precisas de acertar,
Não tem nada que enganar,
E, assim mesmo, sem cantar vais encantar
Em play-back, em play back, em play-back!
[...]
Playback - Carlos Paião

Se Carlos Paião visse este vídeo iria retirar do poema o "não tem nada que enganar". Nunca imaginaria que um idiota cantasse com o microfone de pernas para o ar. Pior do que isto nem mesmo a nossa Ruth Marlene.

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

Eu vivo, fugindo, sem destino algum


120, 150, 200 Km por hora
Interpretação de Marília Pera

As coisas estão passando mais depressa
O ponteiro marca 120
O tempo diminui
As árvores passam como vultos
A vida passa, o tempo passa

Estou a 130

As imagens se confundem
Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado, do meu mundo assombrado
De tristeza, de incerteza

Estou a 140

Fugindo de você
Eu vou voando pela vida sem querer chegar
Nada vai mudar meu rumo nem me fazer voltar
Vivo, fugindo, sem destino algum
Sigo caminhos que me levam a lugar nenhum

O ponteiro marca 150

Tudo passa ainda mais depressa
O amor, a felicidade
O vento afasta uma lágrima
Que começa a rolar no meu rosto

Estou a 160

Vou acender os faróis, já é noite
Agora são as luzes que passam por mim
Sinto um vazio imenso
Estou só na escuridão

A 180

Estou fugindo de você
Eu vou sem saber pra onde nem quando vou parar

Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim
O ponteiro agora marca 190

Por um momento tive a sensação
De ver você a meu lado
O banco está vazio

Estou só a 200 por hora

Vou parar de pensar em você
Pra prestar atenção na estrada
Vou sem saber pra onde nem quando vou parar

Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes, às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim
Eu vou, vou voando pela vida

Sem querer chegar

Uma composição original de
Roberto Carlos / Erasmo Carlos

É como se as palavras se metessem por dentro de mim. Poucas vezes tenha sentido uma coisa assim, a ouvir coisas parecidas. É a magia de se ser artista.

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

E a saga prolifera-se

Parece que a saga não fica por aqui. Espera-se episódios cada vez intensos, emocionantes, apesar da ideia de descanso imperar na minha cabeça e nas minhas doridas costas, bem como naquele sítio que pousa na cadeira. Estou-me a sentir, para além de muitas outras coisas,corcunda. É verdade. Quem diria não é? Eu só quero saber quem é que me vai pagar este mau-estar.

Deixei os meus planos para hoje à tarde, por causa de ti meu safado. Estava, estou quase a desistir de ti, mas a consciência, essa força maldita que dita os meus comportamentos não me está a deixar.
Queria tanto ir para uma esplanada, adquirir um pouco da vitamina D para os meus ossinhos. Beber qualquer coisa refrescante que me fizesse esquecer estes últimos dias de isolamento social. Isto tudo devido a ti, a vocês que não me largam. Aliás que não nos largam.
Ainda se por força de um acaso, eu conseguisse sair de ti, de vocês com a sensação que aquela soma maldita, mas certa me vai deixar em paz. Já não consigo evitar, essa soma está no meu destino, nas linhas das minhas mãos. Eu já vejo 5+5; 5+5. Se bem que ultimamente não dá para acreditar naquilo que vejo ou oiço.
Dias esquisitos estes últimos.

Para semana encontrar-me-ei contigo, o primeiro de dois até lá.

Ate lá, teste de Direito Internacional Público.

P.S: definitivamente, vou procurar ajuda.heheh

Sem mais,

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Distância afegã

Para a Lídia.

Minha querida Lídia, escrevo-te pelas saudades de te ter junto de mim, no meu ombro, entre os dedos. Estou sentado num barril de pólvora à espera que o pavio, cheio de combustível, congele, com este frio que a tua falta me provoca.
Lídia, querida Lídia, sinto-te dentro de mim, mesmo neste submundo distante, cheio de armas e canhões. É uma guerra que me irá matar. Tenho a certeza. Mas, querida Lídia, acalma-te, por favor. Não chores. Este corpo pouco presta quando está longe de ti. Lembras-te das minhas gargalhadas quando andávamos entre a gelataria e o cinema? Já não existem. Se as houvesse não se ouviam, entre o zumbir da bala e o frenesim dos gritos mutilados.
Lídia, querida Lídia, espero poder escrever-te mais uma vez, daqui a um mês. Anseio, mas não sei se lá chego. Tu, que vives na paz, mas na Guerra do quotidiano, sobrevive, mesmo sem mim. Aqui, no sítio da guerra verdadeira, não há alegria nem sorriso, só esperança. É talvez ela que me leva a ti, nestas linhas.
Lídia, querida Lídia, não desesperes nem te esgotes por mim. O teu país, que me trouxe aqui, não o merece. Vive intensamente. Aqui, só existo a meio-gás, porque não sei se tenho vida amanhã, ao acordar. Lídia, querida Lídia, tenho saudades tuas. Do teu corpo, da tua personalidade e de tudo o que personificas, por meio da nossa distância. Diz à minha mãe que a amo. Pede ao meu pai que me perdoe. Solicita à D. Helena um trintário, para quando eu morrer. Informa a Raquel que o António ainda sobrevive, como eu, e que lhe manda um beijo enorme.

Lídia, querida Lídia, és a minha melhor amiga e amante. Quero-te e quero que o saibas, agora, nestas linhas. Não controlo o tempo nem o espaço nem as balas que me podem matar. Ainda te controlo, porque estou consciente e vivo. Amanhã, porém, posso acordar sem o palpite deste meu pobre coração.

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

Ensopado de mortos

Ingeriu uma porção mínima de veneno verde, cor-de-limão. Era fresco e desceu-lhe pela garganta abaixo, reconfortando-lhe o estômago, calando-lhe as lágrimas. Fechou os olhos. Cerrou os dentes e os punhos. Respirou fundo. Cansado daquela espera, caminhou para o piano. Avistando-o ao fim da sala, agarrou na Vodka e num copo, da edição especial de 100 anos de uma das empresas da família. Geriu o tremor das pernas e o medo de cair com duas goladas frias, cruas e nuas da sua Vodka predilecta. Melhor era impossível.
Caminhava para a morte que sempre desejou: lenta, com tempo para experimentar os últimos e derradeiros sabores e vícios da sua vida. Sentou-se ao piano ardente de febre, ergueu os suaves dedos e deu-se ao prazer. Tentou cantar, mas estava cansado demais para isso. As pautas, as claves e o tempos voavam naquele espaço, acompanhando o cheiro da lavanda e do jasmim inatos à casa que o viu nascer, crescer e morrer. Em cima daquele piano melancólico estavam os caixões da sua mágoa: fotos de família com sorrisos, medos, gritos, sofrimentos e perdas em família. Deixou-se morrer em cima das teclas multicolores.
Dinheiro, álcool, veneno, choro e música. Foram estas as cores que lhe segregaram a morte. O veneno fê-lo espumar, tremer e morrer estupidamente. Fim cruel de uma existência cruel. Deixara de ser tempo para milagres... Era hora de ser racional e enterrar o corpo, em campa rasa, normal, ordinária. Cobriram-no de flores hipócritas, cheias de oportunismo. Era um império enclausurado em sete palmos de terra.

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Um olhar diferente

Todo o sangue tem a sua história. Corre sem descanso no interior labiríntico do corpo e não perde o rumo nem o sentido, enrubesce de súbito o rosto e empalidece-o fugindo dele, irrompe bruscamente de um rasgão da pele, torna-se capa protectora de uma ferida, encharca campos de batalha e lugares de tortura, transforma-se em rio sobre o asfalto de uma estrada. O sangue nos guia, o sangue nos levanta, com o sangue dormimos e com o sangue despertamos, com o sangue nos perdemos e salvamos, com o sangue vivemos, com o sangue morremos. Torna-se leite e alimenta as crianças ao colo das mães, torna-se lágrima e chora sobre os assassinados, torna-se revolta e levanta um punho fechado e uma arma. O sangue serve-se dos olhos para ver, entender e julgar, serve-se das mãos para o trabalho e para o afago, serve-se dos pés para ir aonde o dever o mandou. O sangue é homem e é mulher, cobre-se de luto ou de festa, põe uma flor na cintura, e quando toma nomes que não são os seus é porque esses nomes pertencem a todos os que são do mesmo sangue. O sangue sabe muito, o sangue sabe o sangue que tem. [...] Há sangues que até quando estão frios queimam. Esses sangues são eternos como a esperança.

O sangue em Chiapas, José Saramago, no seu caderno virtual

Se me disserem que isto não é de génio pedirvos-ei, desde já, que me escrevam coisa igual sobre tema igual com filosofia e olhar iguais. Se igual for muito, peço-vos parecido. Se semelhante for abuso, rendam-se às evidências, como eu o faço. Alguns consideram José Saramago parecido com algo menor, tão-só pela atitude carregada de negritude, cheia de chamas e labaredas, como mero postulado de infâmia e deselegância. Seres menores, caros leitores, são aqueles que sentem o que ele sente, pensam como ele sente, mas não vêem o que ele vê. Seres menores, caros leitores, são todos os que, perante um professor, lhe negam os ouvidos e lhe rejeitam a boca. Seres menores, caros leitores, são todos os pseudo-intelectuais que odeiam a figura pública de Saramago e o criticam sem o ler. Não endeusemos os Homens, respeitemos-los somente. O que basicamente, pela escrita, Saramago nos obrig
a a pensar é só isto: Somos pequenos animais.

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

PU...PU...PU...BLICIDADE



A perplexidade impera neste anúncio, começando, desde logo, com a escolha musical: Buraka Som Sistema?! OH GOD!

Sim, eu sei que muita boa gente idolatra esta banda, principalmente aquela música "Kalemba (wegue wegue)" que por acaso é o tema do anúncio da nossa querida Popota.
Esta música merece um especial destaque na minha vida: nestes tenros 19 anos (ia dizer 18, não me habituo aos 19! Trauma que um dia irei aprofundar connvosco.)nunca ouvi uma música que me conseguisse pôr os cabelos em pé. Não faz a minha onda, não faz a minha praia!
Assumo que já tentei gostar. Já me tentei habituar e até, caros leitores, dançar nas discotecas para não fazer desfeita aos companheiros dos copos. É institivo: no rádio, na televisão começa a dar aquele som, siga para outro canal.
No entanto, apesar de não gostar, alías de não suportar a banda, reconheço o seu mérito: ter fãs espalhados por todo o Mundo não é tarefa fácil.
Acima de tudo é uma banda portuguesa que conseguiu e consegue dar cartas no mundo da música e, por isso, há que reconhecer a sua grandiosidade. Tenho pena, uma vez que defendo tudo o que é nacional, mas não consigo achar uma ponta, uma pontinha de graça sequer, nas músicas dos Buraka.

Agora, caros leitores, imaginem o que é ouvir isto constantemente no tempo dos anúncios da tv. Isto tendo em conta que o tempo que as nossas estações dedicam aos anúncios é maior ou igual(vá lá, depende!) do que o tempo dos programitas.

E, para acabar em grande deixo um anúncio que na minha opinião está bastante apelativo:



Sem mais,

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fatalidade de se ser

Essa coisa de se afirmar, peremptoriamente, que X é superior a Y tem que se lhe diga. Se a questão da superioridade não for bem colocada e analisada, incorrem-se riscos parecidos com o arrojo do anti-semitismo doutros tempos, onde a realidade se ser eminentemente superior advém de uma consciencialização cega, oportuna, paulatina, que, de forma mediata, vai-se apoderando da percepção dos endrominados. Não queiramos cair na problemática dos julgamentos de Nuremberga, onde o facto de algo ser normativamente legítimo levou as pessoas a cometerem actos que vão contra a sua própria natureza. A confiança cega, surda e muda nalguma coisa estreita-nos os campos de visão, veda-nos a razão e amordaça os nossos sentidos a convenções e estereótipos alheios a nós mesmos. A certa altura, tomámos como nosso um pensamento alheio, que nos foi fixado, mesmo sem que o tenhamos querido. Nesta componente sociológica, que justifica a aparente injusticabilidade de alguns comportamentos humanos, a razão da análise empírica empobrece-se e até pode ser menosprezada.

Mas, não deveria o ser humano, como livre e independente, perceber que o seu comportamento é censurável na medida em que vai contra a sua génese? Em que posição ficam as suas crenças e valores quando uma instituição lhe formata, sem pedir licença, e de uma forma despótica, o seu próprio pensamento? E a experimentação? Devemos deixá-la perdida nas nossas bibliotecas monótonas, cheias do mesmo? Teorias monocéfalas são como comunistas cheios de Marx e Engels e capitalistas repletos de Locke e Smith, onde os espaços são vazios de contraditório e ocos de respeito pelos mais ténues vínculos entre teorias mentalmente concepcionadas como antagónicas e rivais.

Luís Gonçalves Ferreira

sábado, 5 de dezembro de 2009

Tic Tac

“Não posso! Não tenho tempo.”
Ultimamente, deve ser das frases que mais uso. Pronunciá-la já me cansa, já me ocupa tempo.
Tempo: horas, minutos, segundos. Não me estou a referir a condições climatéricas.

Melhor era.
Tempo é um bem escasso. Só agora é que me apercebi do seu real significado.
O cansaço tem ganho terreno.
A incerteza apodera-se cada vez mais.
A idade está a pesar.
A reflexão torna-se indispensável.
O estado de inocência está a desvanecer. Não o consigo reaver.
Pouco faz sentido.
Pouco é recuperável.

O tempo, essa força misteriosa, devia vir no dicionário como antónimo da vontade.

Tristemente cheguei à conclusão que não é por acaso que “poder” e “podre” em português se escreve fatalmente com as mesmas letras.

Nem tudo tem que ter lógica pois não?

Espero, inevitavelmente, com ou sem tempo. Reserva-me umas horas. Eu compenso.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Just as Dorothy walks...



"In this life, my dearest friend, it doesn't matter how much you love, but ao much you're loved by the others."
Wizard of Oz

Ser ex-

A pianista portuguesa (ou brasileira?) Maria João Pires está nomeada para um Grammy Award na categoria de Best Instrumental Soloist Performance (without Orchestra). A imprensa nacional não lhe deu grande destaque ou é impressão minha?
Estamos a falar dos prémios musicais mais importantes do mundo e esta senhora é (ex-)portuguesa. É a nossa pequenez de espírito e burrice crónica, só pode. (Povo medíocre.)
Eu sinto um imenso orgulho de Maria João Pires. Sou eu que não estou bem colocado e já não sinto as coisas certas, de certeza.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Já cheira a Natal!

OH OH OH!

Com o advento desta época para todos festiva à sua maneira, venho antecipar desde já umas Boas Festas e um muitíssimo Feliz Natal!

Apesar de passar os santos dias a refilar por estar tudo antecipadamente enfeitado à nossa volta, a verdade é que não consigo escapar imune às cores divertidas e flamejantes, às luzes intermitentes, ao cheira a canela e azevinho, aos pézinhos gelados a pressentir as meias novas das tias-avós, o livro de história da guerra da Txitxolilopónia embrulhado em papel de jornal do vizinho adunco, os beijinhos e abraços de todo o lado, e - como não podia para mim obviamente falhar -, três dias inteiros de imensa cultura gastronómica (que se ressentem nas coxas durante uma década), indispensáveis ao considerável típico bom português.
Aproveitem para escrever, telefonar, mandar um email ou telegrama, ou, quiçá, uma SMS, àquelas pessoas que tantas vezes se lembram e, no entando, há sempre uma triste e irrisória desculpa qualquer que torna o tão querido contacto adiável.
Afaguem-se de mimos quentes, bombons que se colam nos dentinhos, risos de canalhada excitada a rasgar o papel das prendas, crepitantes serões à lareira, e o fantástico vinho-de-Natal da minha avó.
Convidem os mais solitários à vossa casa: é muito triste passar uma Consoada sem um coração amigo por perto - tentem imaginar o quão gratificante é fazer feliz alguém!
Dias de muito trabalho aproximam-se. Logo, não há nada de mais caloroso do que pensar em alegria!

Beijinhos e abraços, meus queridos! (como é avec grand vitesse constatável, tão grande que é a criança em mim, já escrevi a carta ao Pai Natal, e está uma meia muito grande já pendurada com muito espaço para escher!) ;) *