segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mestre, é hora da valsa

Prometeram-nos, um dia, que iríamos ser amigos para sempre. Sorrimos, mesmo sem saber se eram certas as palavras daquele mago adivinho. É um fardo pesado, esse. De Imenso. Bom de mais para ser verdade. Sabes, eu já tinha essa certeza. Sei-o,  desde o momento em que falei para ti na primeira vez, lá longe, quando éramos farrapos de incertezas mergulhados num pote de óleo e água. Não misturávamos as substâncias, porque nos estávamos a conhecer. Não nos demos logo, porque a inteligência é o nosso forte. Fomos tornando tudo saboroso, à medida que o tempo foi passando. Sei que me conheces melhor do que alguém alguma vez ousou conhecer. Mas é em silêncio. Não dizemos nada um ao outro e vamos explorando os espaços e os gestos.
Falho mais vezes na tua vida do que tu na minha. E sinto mágoa por isso. Mas é tempo de ter força. E seguir em frente. Amigo não é só o que está no apogeu da Glória, mas o que acompanha, passo a passo, quando o tempo fica negro, escuro, e profundo de mágoa. Sei que vais ultrapassar tudo. Quero fazê-lo contigo.
Mantém a postura de bailarina. Alinha o sotaque e ajusta os dedos ao piano. Vem aí uma valsa dançada com mestria de génio. Para o pódio!
FORÇA!

Luís Gonçalves Ferreira

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sobre o poço que é o tempo

Às vezes o relógio do tempo podia parar, por minutos, para prolongar os momentos e congelar as memórias. É triste sentir-se o tempo a destilar o corpo. A inundar a carne de uma água que era sã, de translúcida, e passou a ser poluída, de negra que está. Mas isto é só da matéria, da substância, porque as auras, as mediunidades dos corpos, que são espíritos, mantêm-se lúcidas, mesmo que a foice passe por eles e os eleve, ao monte da memória e da recordação. Não há Olimpo que recolha as preces. Nem céu que acolha as almas. Há tempo. O dos homens e o da recordação que nos trava as pessoas entre o coração e o cérebro. Não é que isto seja de agora, ou da Ágora de outros tempos. É de sempre. É dos homens. É do corpo que é alma estrelar, num poço de carne que é doente, decadente, desde que nasce, porque logo se desfalece, em números que são aniversários. São lágrimas. É a História, feita de estórias e histórias, que davam Livros. É o tempo que tropeça cara abaixo, a desgastar as rochas e a e transsubstanciá-las em rugas.  E é o tempo que as aumenta e as faz crescer de sorrisos. Que Deus nos ensine a amar, a perdoar e a perder. Aliás, que o deus me prende ao que se aprende com Ele, porque cada vez me sinto mais distante de tudo.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Another one



Mais uma para "curtir" a depressão.
Bem, mas como uma altura me disseram "Não é por uma andorinha morrer que a Primavera vai acabar".
O caminho faz-se caminhando.

Sem mais,

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nunca se esquece a primeira vez em que se sente no sangue o doce veneno da vaidade.

«Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar esse momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem preço.».

Carlos Ruiz Zafón, in A Sombra do Vento

terça-feira, 25 de maio de 2010

À flor da pele

De noite, como quem sofre em silêncio, abriste-me a alma com a profundidade do teu olhar. Não pedi descaradamente que chegasses, até porque desconfiava de mim. Não exigi a deus nenhum coisa alguma. Rezei, apenas, durante anos, para que viesses, no meio de uma nuvem de sonhos, por forma  a que, a ser mentira, te esfumasses num instante. Não paguei promessas, porque nunca lhe topei sentido. Tomei tombos. Raspei joelhos. Fui amparado algumas vezes, outras foram as que nem carinho me calou a lágrima que tropeçava em mim mesmo. Não desisti de te encontrar, mesmo que só me dessem uma presença parecida em sonhos. Desde que aconteceu, recolho-me na tua tranquilidade e sonho com as pressas todas de ser feliz. Não sei se durará até sempre, porque o futuro a deus pertence (ao das rezas, não aos das preces). Nunca quis roubar púlpito a ninguém, muito menos à divindade que nos plantou isto no peito. Nem o farei. Mas hoje, por segundos, apetece-me mandar no futuro e julgar que isto é eterno, por ser tão maravilhoso. Não há cliché, nem chavão, nem frases feitas. São sentimentos. E isso... amigos, é coisa dos homens.

Luís Gonçalves Ferreira

domingo, 23 de maio de 2010

you don't have to be alone...

"your heavy heart

is made of stone and

it's so hard to see clearly

you don't have to be on your own"

domingo, 16 de maio de 2010

Fresquinhas

Últimas actualizações do diário de bordo dos Moscãoteiros:

1.ª constatação óbvia: já não vamos de Erasmus;
2.º facto dirimível: Estrasburgo também não me está a parecer;
3.º dado quase incontornável/ponto assente: estamos prestes a reprovar de ano;
4.ª ameaça: se a UM pegar fogo, não fui eu;
5.ª curiosidade pessoal: já estive mais longe de ficar interdita psiquiatricamente devido a tanta inabilitação física;
6.º passo da vida airada: a espada da estátua do D. Afonso Henriques tem três dias de vida;
7.ª bem fadada: pro ano estou oficialmente de novo em Braga (alguma coisa tinha que ser boa!)


Resultado analítico e escrupulosamente sintético:
mau humor. Mesmo muito mau humor. Cuidado.
Ando-me a abster de comunicar simplesmente. Mais vale. Nem por telepatia tentemos. Vislumbro alvores de cortinas de fumo legitimadoras de muito esfalfamento e cansaço. E quem não perceber a conversa que estamos a conversar... é porque está de boa saúde mental, concerteza!

Kisses and hugs (daqueles que apertam até esganar) *

segunda-feira, 10 de maio de 2010

No momento do Adeus...

No momento do Adeus sucede que os Amantes,
Se abraçam a chorar, com vozes soluçantes.
Força, é força para partir; a mão prende-se à mão
E uma infinda tristeza inunda o coração.

Para nós, meu amor, nessa altura de agonia
Não houve o padecer que almas excrucia;
Foi grave o nosso adeus e frio; e só agora
é que a Dor nos subjuga; e a Angústia nos devora.