sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sobre o poço que é o tempo

Às vezes o relógio do tempo podia parar, por minutos, para prolongar os momentos e congelar as memórias. É triste sentir-se o tempo a destilar o corpo. A inundar a carne de uma água que era sã, de translúcida, e passou a ser poluída, de negra que está. Mas isto é só da matéria, da substância, porque as auras, as mediunidades dos corpos, que são espíritos, mantêm-se lúcidas, mesmo que a foice passe por eles e os eleve, ao monte da memória e da recordação. Não há Olimpo que recolha as preces. Nem céu que acolha as almas. Há tempo. O dos homens e o da recordação que nos trava as pessoas entre o coração e o cérebro. Não é que isto seja de agora, ou da Ágora de outros tempos. É de sempre. É dos homens. É do corpo que é alma estrelar, num poço de carne que é doente, decadente, desde que nasce, porque logo se desfalece, em números que são aniversários. São lágrimas. É a História, feita de estórias e histórias, que davam Livros. É o tempo que tropeça cara abaixo, a desgastar as rochas e a e transsubstanciá-las em rugas.  E é o tempo que as aumenta e as faz crescer de sorrisos. Que Deus nos ensine a amar, a perdoar e a perder. Aliás, que o deus me prende ao que se aprende com Ele, porque cada vez me sinto mais distante de tudo.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

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