quarta-feira, 30 de novembro de 2011

E foi, assim, mais um Pinheiro...palavras para quê?


Volvidos estes 4 anos que quase me mudei para outra cidade completamente oposta à minha, o único pensamento que prevalece é que, de facto, tive mesmo sorte de ter crescido aqui!


Pode parecer exagero para uns, bairrismo exacerbado para outros, mas não há outra cidade como a minha casa. Não vejo a hora de voltar a ser Guimarães de Segunda a Segunda, de cá viver, trabalhar, passar as tradições às gerações vindouras...




Por que raio é que Direito não é no pólo de Azurém???


Sim, adoro Guimarães e daí? :)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Esquissos

Não nasceste para viver mais ou menos, e sabe-lo bem. Erro de cálculo, birra incorrigível, feitio inquinado, sabe-se lá. Como viajante do Além que és, e já que dentro da tua cabeça podes ser o que quiseres, talvez preferisses que fosse uma lei do Destino, uma profecia dos Deuses, uma lenda pessoal; porém, qual grito ecoante no espaço, sem fim e sem razão alguma, és única à tua maneira e aos teus olhos. Até hoje, quem sabe erro crasso e pouco prodigioso de quem nos puxa os cordéis lá de cima.


Sempre te remoeram por demais os dogmas, as modas, os vulgares, as decepções com o que sonhaste puro e cândido. Mesmo assim, por estranha condição natural, foste conseguindo compreender, perdoar e abraçar incansavelmente cada ânsia, cada insónia, cada medo, cada previsibilidade tacanha, cada murro no estômago dos que menos contavas. Tens momentos no teu percurso em que pensas que só nasceste para tal: esperar, ouvir e sorrir. Como que rogado, complicaram-te o que era perfeito, simples, e tu anuíste, triste e conformada, mesmo conhecendo-te inquebrável. A realidade não se alterou nem com milhentos estalares de dedos. Sentes-te vazia por não saberes o que de ti partilhar, então vais-te apagando nos outros. Falas muito e não dizes nada. Que viagem é essa que diriges sem os sentidos?


E é no degelo do abraço hipócrita do Inverno que recuas a ti e emerges da água do rio selvagem, que havias em tempos mergulhado. Agradeces a bolina de quem conduziu por meses o teu leme, comoves-te por te reencontrares, deixas a distância que vincaste e continuas viagem, sem pressa de chegar a lado nenhum. É um poder tremendo, este de saber que sempre chegamos. Deitaste fora todos os moldes, todos os rascunhos que fizeste. Imagina-lo ao contrário: vês-te como a sua luz, e aí saberás o refúgio dos teus silêncios perdidos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Notícia do "Diário do Tejo"




"Ao que parece, Lisboa, este ano, não se ficará somente pela visita de Miss Spears...





'Será que Lisboa terá, novamente, o prazer de receber os ilustres escritores do Piquenique das Letras?'



Foi esta a pergunta que mais pairou, nestes dias, nas ruas do Rossio e no próprio hotel onde estas ilustres figuras ficaram alojadas na última visita à capital portuguesa.



António Costa já fez as suas declarações e afirmou que já reuniu todos esforços para tomar as diligências necessárias de forma a que se receba com o maior respeito estas três personalidades da sociedade portuguesa e internacional. Frisou peremptoriamente, ainda, que não existe qualquer margem para claudicar. Foram estas, pois, as palavras de um Presidente da Câmara orgulhoso por ver a sua cidade a ser reconhecida.



Ficamos, de resto, à espera que isto não passe de um mero boato e que possamos, novamente, vê-los a fazer compras no Rossio.



Ao que parece, Lisboa não se ficará com a visita de Miss Spears..."






p.s: esta foto devia fazer parte da minha terapia do riso :D

domingo, 13 de novembro de 2011

Carpe Diem

Quero...


viver e saber fazê-lo


crescer e não ter medo


encontrar o espaço onde melhor encaixo


descobrir quem sou e conseguir demonstrá-lo


lidar com a derrota munida do meu maior arsenal


conseguir ser feliz nos momentos de felicidade


conseguir estar triste quando a situação assim o exige, sem me refugiar na mentira só para demonstrar uma força, que apesar de parecer veridica, não passa de uma grande e feia mentira


não ter receio de me mostrar vulnerável e de revelar os meus pontos fracos


viver aqui, ali e acolá


olhar para trás e saber que valeu a pena


conduzir um jipe amarelo torrado de caixa aberta


mostrar a minha diferença sem receios de julgamentos inconvenientes e sem fundamento


largar os saltos e os casacos de pele


despir-me de pré-conceitos que foram enraízados na minha essência ao longo do meu falso crescimento


estar sozinha e saber-me bem


ir para a praia à noite sem medo de ser asssaltada


passear pelos sítios que mais ninguém quer


acertar em quem quero que me leve a casa


lutar por aquilo que realmente julgo querer


estar no escuro quando lá fora chove e troveja


sentir-me ao rubro


conhecer novas pessoas que à primeira vista não têm a nada ver comigo, mas que no fundo são como eu, mas sabem demonstrá-lo


despir esta capa de protecção que só me lixa


ir e vir


ter saudades e voltar para vos abraçar


ver o nascer do sol não só aqui


quero experimentar tanta coisa que sei que me espera antes de me enfiar num escritório


fazer as malas, desfazê-las e voltar a fazê-las


sentir-me completa


saber que não me deixei sentada por vontade própria


ser verdadeiramente peremptória nos meus "sim" e "não"


acordar e ver o mar


não ter horários ao fim-de-semana


sentir-me em casa para todos os sítios que vá





Sinto que a aventura está prestes a começar e estou com tanta, mas tanta vontade de me deixar levar...with no fear!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Limbo

E se ao menos tudo fosse igual a ti. Quando saí esta manhã, ainda dormias. Toquei-te nos lábios ao de leve para não despertares, com a esperançazinha egoísta de te poder roubar só mais uma vez esse olhar e abraço que me quebra todo o gelo que se fez sentir outrora, e perdurá-lo todo o dia. Sem saberes, e como eu sabia que aconteceria, fizeste-o na mesma, e agora não sei como abrir cá dentro a janela à chama na alma que se faz sentir. Quando voltar, quero ver-te ainda acordado e sentir-me em casa. Tenho pressa, que nesta imitação de Inverno pouco a pouco o Sol desanima, perde a força e deixa-se cair. No entretanto do meu regresso a ti, deparei-me com um cortejo de problemas, uma lista de perguntas. A algumas delas, não saberei responder nunca, teremos de deixar passar o tempo. Não sei bem o que digo. «Deixar correr o tempo», como se fôssemos o dono, ou o pudéssemos agarrar, fazê-lo estancar, imortalizar-nos. A ilusão de sermos nós a autorizar-lhe a passagem, quando é ele que nos vai deixando para trás. As nossas conversas duram longas horas, nas quais estão contidas uma vida, tempo dentro do tempo como as bonecas russas. Se me ouvires dizer, a propósito do meu passado, «parece-me que foi ontem», estarei a mentir-te. A verdade é que, desde há algum tempo atrás, já são mais olhos que barriga. A realidade é que vou deixando de existir para mim, mas para quem amo. À medida que venço as primeiras e bonitas rugas, a minha relação com a vida vai-se transformando. A pouco e pouco a noção do inevitável toma forma e consistência, e já se adivinha ao longe o fim da linha. Amadureço a sensatez e elevo cada vez mais o meu trapézio sem rede, pois as loucuras e os voos rasos são as únicas coisas de que nunca nos arrependeremos. Triste é o virar de costas, o último Adeus. Sei que sabes tão bem o que quero dizer. Eu corro ao lado dos dias que passam, na esperança de alcançar algum juízo, a resposta em tempo útil, porque a sabedoria quando chega já não serve para nada. E, no entanto, se já se viveu o que eu vivi, se calhar bastaria olhar para trás. Sem nunca o teres ouvido da minha boca, pois é sempre madrugada para isso, adivinhaste-me as feridas, viste-me por dentro e deste-me o teu silêncio, a palavra dos que sabem escutar. E sereno contigo já na aurora, pois o amanhã é sempre tarde demais. Obrigada por saberes tratar de mim, olhar para mim, pensar quem sou. Chego tarde, mas pouco importa, porque tudo o que trago a ti entrego, e tudo o que vier a ti pertence. Por direito, minha vida. Vida em mim.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fechou a porta. Cabeça cheia. Mãos vazias. Coração dividido. A incompreensão prevalece. Peremptoriamente já entranhou um "não" depois de tantas voltas. Tenta fugir para outros braços, dar a mão a alguém que a estique primeiro.

A esperança assemelha-se ao sol de fim de tarde de inverno. As árvores encontram-se despidas.

Ainda não encontrou as folhas que tanto quis apanhar, conhecer, guardar. Talvez por insegurança, receio que elas voassem das suas mãos, deixou-se ficar encostada agarrando simplemente num copo. Talvez conseguisse guardar qualquer gota que elas deixassem escapar com o vento. Garantia, desta forma, a impossibilidade de deixar escapar algo que lhe pertenceu, nem que fosse por efémeros momentos. No fundo, não perdeu, nem ganhou. Ficou naquele estúpido empate que ninguém percebe quais as possibilidades de vitória ou derrota. O empate avizinhou-se como seguro. Defendeu-se com aquele copo. Não conseguiu reagir aos ataques, muito menos atacar.


A porta abriu-se, despoletando as primeiras folhas naquela árvore do canto esquerdo do fundo. Timidamente, aproximaram-se. Tocou-lhe na mão direita, fazendo-a estremecer. Apesar de alguma incerteza, surpresa, ela largou o copo. Já não quis saber das meras gotas que poderiam ser soltas. Inconscientemente e deixando a racionalidade de parte, reagiu com o seu instinto mais animalesco possível. Cedeu sem saber porquê. Atreve-se a pensar que existe qualquer ligação inexplicável. Ficaram sozinhos no meio daquela multidão. Olharam-se, observaram-se, tentaram-se escutar, mas foi impossível. A voz fica trémula, as palavras deixam de fazer qualquer sentido. Apesar de ele achar o contrário, ela sentiu o calor do beijo que percorreu o membro direito superior. Tenta perdurar essa sensação até agora. Feito impossível.

Acredita que se conseguirem passar o Cabo das Tormentas, poderão ajustar-se como outros já conseguiram.

Indaga-se desta possibilidade de ter saudades de algo que ainda não vivenciou. Rege-se somente pela luz que se cruza em ambos os olhares. Olhares esses que penetram na essência oposta.

A invisível linha que os une ainda não foi identificada como algo verosímil. Nem chegou a ser encurtada por mais do que breves segundos. A verdade, e apesar de doer, é que por mais que se tente prolongar esses estupendos momentos, não passam de memórias. Memórias pertencem às lembranças que estão guardadas no sótão.

Apanhou o beijo que ele mandou. Guardou-o, apesar de ele achar que foi reciclado.

Preferiu esconder-se esta noite, talvez por não se sentir munida das balas suficientes para combater contra a corrente de vento que cada vez se encontra mais fortalecida.

Prometeu que no próximo ataque, iria reagir. Planeou, carregou a arma. Mas, percebeu que esta situação não se resolvia com balas munidas de ironia e sarcamo de forma a que surgisse um ataque refugiado de uma defesa bastante visível. Apercebeu-se da pior forma que o jogo arquitectado na sua cabeça acabou. Acima de tudo, realizou que nunca houve jogo. Houve quem percebesse isso mais cedo, guardando as folhas que ela deixara escapar.

O copo, esse sim, está no processo de transformação. A árvore do canto esquerdo do fundo desapareceu.

São meramente dois estranhos que, por vezes, se cruzam.


A porta sumiu. Servia de passagem do 8 para o 80. Agora não faz sentido a sua existência.