quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nunca se esquece a primeira vez em que se sente no sangue o doce veneno da vaidade.

«Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar esse momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem preço.».

Carlos Ruiz Zafón, in A Sombra do Vento

2 comentários:

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Acho que isso foi escrito para mim, para nós, que temos um projecto de um livro. Um escritor não é o que está no corpo, mas o que está na obra, mesmo que esse seja um pedaço de papel, pobre e feio, velho de sujo que está.

Gostei. Adorei. E estou à espera do livro.

Beijo!

Anónimo disse...

Eu sabia que tinha que existir alguém assim. Pena é ser espanhol e já contar uns aninhos. Definitivamente, está complicado encontrar o meu testo (o chamar-me de panela é do desgosto por este amor de perdição).
Envolvo-me em cada palavra dele como um bicho de seda no seu casulo.

Suspiro.

Iluminada