Hoje, ontem e amanhã, nada irá acontecer por acaso. Por isso, a todos um 2010 melhor que o meu 2009. Ficam com a minha maior e mais querida relíquia.
Beijinhos e muita folia para logo!
Existia uma terra, lá longe, no país dos sonhos. Era um limbo encantado, cheio de magos, rainhas e princesas. Debatiam-se ideias, livremente, em todo o lado: no jardim, no Ágora, no local das lições e das teorias sobre deuses. Um dia acordamos do sonho e apercebemo-nos que era surreal. Queríamos prolongar a felicidade de um sítio tão cheio de espaço para todos e então criamos logo uma legenda. Nasceu o Piquenique das Letras.
Depois da já ter ouvido, dito, escrito, mas definitivamente ter escutado mais do que falado, expresso aqui e agora a minha exaustão em relação àquela expressão que tantas vezes é pronunciada nesta altura do ano.
Bem, antes de causar qualquer embaraço ou até alguma tristeza nos vossos corações derretidos por este espírito, pretendo fazer um wake up call (desculpem estes estrangeirismos. Não se assustem: continuo defensora acérrima da língua portuguesa.)
Eu sou assumidamente uma apaixonada pelo Natal pelos seus variados encantos, mas a verdade é que não me deixo ir nesta onda de amizade, amor, fraternidade e até um quê de piedade que para ser sincera irrita a pontinha do cabelo mais insignificante.
Desde já, uma das coisas mais vulgares, ordinárias é fazer os arranjos de Natal dois meses antes de tal evento. Porquê? É claramente a pergunta que impera na nossa cabeça, quando assimilada a informação captada. Não serão os tais enfeites uma forma de incentivar as compras natalícias? Se bem que como é óbvio o bom português deixa tudo para o fim.
Mais uma: Porquê que só nesta altura é que toda as pessoas se encontram empenhadas em ajudar o próximo? Não deveria ser todo o ano?
Sim, concordo: mais vale uma vez no ano do que nenhuma.
O que realmente me faz espécie e que lamento em pensá-lo e agora em dize-lo é que os dias 24/25 de Dezembro são os dias em que as pessoas se preocupam em realmente demonstrar os sentimentos nobres, para no dia 26 e seguintes voltarem ao normal. E, o que é o normal: é nosso quotidiano. É o que assistimos cada vez que pomos o pé na rua: desde mendigos a pedir dinheiro, pessoas a passar fome, guerras, discussões no trânsito, entre outros.
O que quero tirar destas ilações: deveriamos prolongar, esticar estes dias. Deveriamos dar mais do que 48 horas de amizade, compaixão, generosidade, altruísmo ao ano.
Não digo que Natal deveria ser todos os dias, pois mesmo que não se queira assumir, estamos sempre à espera de umas prendinhas no sapatinho e uma mesa recheada de doces. Por isto mesmo, não seria muito proveitoso por dois motivos: a conta bancária perderia o seu verdadeiro encanto e a nossa forma física nunca mais voltaria ao mesmo!
Mas, os sentimentos nobres poderiam estar sempre presentes em nós.
Não deixemos vulgarizar a expressão que acima referi como tantas outras. O significado de certas e determinadas palavras só são sentidas, quando pronunciadas com sentimento e não quando nos dá na gana.
Temos o privilégio de ter uma língua sentida, dura, nua e crua.
Até isso vamos deixar escapar?
Por isso, Caros Leitores, juntemo-nos, sim, no dia 24 de Dezembro, mas não é necessário, nem pretendido que no dia 26 nos separemos.
Comam, bebam, abram os presentes, sejamos felizes e reprodutores dessa alegria todos os dias do ano.
Um brinde à vida?
Uma composição original de