domingo, 31 de janeiro de 2010

Força, Diana!


Rock is not dead!

Isto sim - para mim - é "show dji bola"! Meninas, senhoras, mulheres, homónimas e conterrâneas desta nossa nação a-culturada, apelemos à fraca solidariedade feminina e dignifiquemos a Diana Piedade!

Filipe, és um bom vizinho e um puto bem querido, mas nem as tuas sonantes melódicas escolhas (predilectas dos meus sentidos) me convenceram. O meu anti-patriotismo está no seu auge.
Estou cansada de escutar sempre a mesma voz a alcançar o sonho. Haverá algo mais verdadeiro do que alterar a realidade?

Acho que sim


Eu consigo


Tu consegues


Ele/ Ela consegue


Nós conseguimos


Vós conseguis


Eles/ Elas conseguem


Não, não voltamos à primária, caros leitores ( se bem que muitos nos mandam para Educação Básica!).

A verdade é que apesar de todas as adversidades que possamos encontrar no nosso quotidiano, devemos ter em mente a conjugação do verbo "conseguir". Dá-nos outro ânimo para continuar (fala a minha experiência sensível).


E para serem salvos dessas ondas malignas que nos tiram o pouco oxigénio que resta, deixo aqui uma imagem que, de certo, será bastante inspiradora, mormente para nós companheiros de guerra!



P.S: vou colocar esta imagem na parede da frente do meu escritório! Sempre que estiver a estudar, olho para a frente e continuarei!

Oh África

Oh Africa
Akon (ft. Keri Hilson)

Gosto da energia da música. Reúne aquilo que mais gosto em África: aquela vibe positiva de quem vive com os pés na terra. É como se tudo fosse Natureza com o respeito a que essa relação tem direito. Sobram-nos os infelizmente para com a situação económica, social e política em que o continente africano se encontra.  E pronto. Hoje é tudo. 

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

sábado, 30 de janeiro de 2010

Fricção

Vou-te contar um segredo. Só um. Espero que percebas e que não critiques. O que te vou dizer é uma verdade que escondo desde que a descobri, não me desprezes. Tenho medo do que vais dizer. Tenho receio da tua censura quando souberes. Olha, fixa-me os olhos. Não te esqueças que sou eu, agora, e serei eu depois da revelação. Guarda dentro de ti os meus traços. Vai buscar cordas. Traz cordas. (Vieram as cordas). Une os nossos corpos. Com força. Até estrangular a nossa pele. Quero que não fujas quando eu te disser o segredo. Não te quero perder. É melhor jogar pelo seguro. Chega-te a mim. Mais. Encosta-te o teu coração ao meu. Estás pronta. Eu sinto a tua respiração. Sente o meu corpo e vê o que ele tem. Não quero que duvides do que sou depois do que tenho para te contar. Somos amigos, não somos? Jura-me. Promete-me. Não me mintas. É agora que a verdade acontece, porque é agora que os nossos corações batem juntos. Queres saber a verdade? Sei que sim. O teu sangue fervilha, os neurónios estão excitados de curiosidade. Os lábios tremem de medo. Tens medo de ti? De mim? Tens medo? Eu vou-te contar o meu segredo... Chega te reticências. (Sussurrou ao ouvido) E ele disse: Eu tinha medo de morrer sem que te tivesse tido inteiramente amarrada a mim.

Luís Gonçalves Ferreira

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Upa upa!



Didi, FINALMENTE! Até se me animou as horas que passam tão devagar! :D eheheh *

Private joke, perdoem-me! ^^

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me achares. Estarei noutra terra, com outro amor, num mundo paralelo onde não saberei esperar mais. Não desistas de me encontrar. Não me digas falsas-verdades. Não me elogies gratuitamente. Não me mintas, por favor. É tudo o que te peço, porque é tudo que o amor exige do outro. 

Luís Gonçalves Ferreira

Constatações

É um facto: estou a ficar corcunda!
Não resulta de puras construções abstractas da minha mente (humana, suponho eu!), mas de algumas dores nas costas e de um péssimo posicionamento.
Tenho verificado que passo mais tempo sentada ou deitada.
Esta vida sedentária está a arruinar a minha saúde, ainda jovem!
Estou a ficar uma "coach potato", como dizia uma professora do Instituto Britânico.
Ai estes estudos: só me debilitam a minha já debilitada cabeça.
Sem mais,

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Excepções ou puras trivialidades da vida?

Isto de ficar enclausurada em casa, um pouco refugiada das relações sociais, fez-me ligar a televisão, de modo a sentir-me, fazendo juz às características intrínsecas de qualquer ser humano, social. Contrario, deste modo, a tese hobbesiana quanto ao isolamento do Homem, mas sinceramente, o pessimismo antropológico tem ganho terreno.
A sede é tanta de beber algum relacionamento social, que dei por mim a ver, escutar, reflectir o conteúdo do programa da "Tardes da Júlia". O tema, de hoje, teve como pano fundo "Fatalidades Conjugais". Mulheres, Senhoras que, de repente, acordaram do seu sonho cor-de-rosa e depararam-se com algo inesperado. Sim, é um facto que ninguém, nem a pessoa mais prevenida, está à espera de ser deixada repentinamente.
Ora, o primeiro caso retratou a história de uma mulher, aparentemente bem sucedida, que viveu durante uns efémeros anos, o conto de fadas que qualquer uma, um de nós anseia. Conheceu "o tal". Tudo fizera para a agradar, até ao momento em que se lembrou que, de facto, já não gostava dela. O desgosto foi tal que diz ela que nas relações posteriores, sempre se sentiu pronta para ir embora; ao primeiro sinal de fumo, já tinha as malas prontas para "fugir". Vê-se a desilusão e sentimento de falhanço estampados no rosto. Acredito que sejam marcas, melhor, cicatrizes que jamais serão alvo de esquecimento ou entendimento.
Para ser sincera dos três, o caso que mais me impressionou foi este. Uma mulher forte, madura, inteligente, mas já bem marcada pela experiência deste acontecimento.
Surge uma panóplia de questões (retóricas, por mais que não queiramos admitir!): será possível vivermos tão iludidas (os) com tudo o que se passa à nossa volta, que nem damos conta dos primeiros sinais de ruptura? Ou será, por outro lado, possível estarmos conscientes de tudo, mas não queremos cortar com a fita da triste, mas eventual "conclusão"?
Parece que se viveu durante aquele período de tempo numa ilusão. Acordamos naquele momento para a vida, para a realidade que não é de todo um conto para as criancinhas adormecerem.
Questiono-me e questionar-me-ei sempre que me seja possível e até encontrar a resposta.

A verdade é que nada nos é dado como garantido. Tudo é efémero. Mas terá de ser repentino? Os sentimentos demoram a ser construídos, mas será que uma leve brisa terá o poder suficiente para os abater, de uma forma cruel e abrupta?

Bem, um pouco ao jeito de Carrie Bradshaw, as relações sociais são e serão um eterno e profundo ponto de interrogação.

Sem mais,

Haiti... e aqui?


Nesta era de conformismo, a marca de contraste é a capacidade de manter convicções - não obstinada ou provocatoriamente (isso são gestos de defesa, não de coragem), nem como actos de retaliação, mas, simplesmente, porque são aquilo em que acreditamos.


Ao divagar pelos anos fui aplicando o que acredito em cada área da minha vida, sem deixar que os os meus princípios eternos fossem como se engolidos pela grande complacência ruminante... Estes guardas em valência despertam-me grandes e vagas cortinas legitimadoras de fundo da decência e da bondade, aliada ao humanitarismo.

A gentileza e o altruísmo mundiais, quais dádivas divinas, têm vindo a ser boliscados aquando a catástrofe na ilha Hispaniola, nas Caraíbas, vulgo Haiti. As imagens são avassaladoras, os rostos sôfregos desassossegantes, e a magnitude dos danos é abismal. Em Port-au-Prince, os habitantes continuam a enterrar os seus 112 mil mortos, ao mesmo tempo que vão tratando os feridos. As ajudas internacionais não páram de chegar de todos os cantos do Mundo, desde médicos estrangeiros, mãos para ajudar a reconstruir os destroços, famílias de acolhimento para as casas corrompidas, comida em helicópteros, et ceteras.

Para estes lados, fazem-se espectáculos caridosos, galas de beneficiência, jogos de futebol, contas bancárias, piruetas para inglês-ver - ao mesmo tempo que ainda há momentos deparei-me com índices de taxas de pobreza nacionais exorbitantemente assustadores. A minha questão é: e nós por cá? Alimentamos as nossas crianças e idosos em situações humilhantes por vias diplomáticas? O sucesso e a fama internacional está-nos emiscuído até aos ossos. Desde o século XV que deixámos de visionar, e congratulamos-nos com fantasmas, deixando de cuidar dos nossos. Preferia ter uma reputação de bom senso, de jogo limpo e rectidão, do que ser habitante de uma nação que tira aos seus para dar a quem já está a receber toda a gratidão que necessita. Nenhum prazer se compara ao de ter os pés bem assentes no território priviligiado da verdade. E, perdoem-me a ousadia, mas que cambada de hipócritas que somos!

Portanto, conterrâneos portucalenses, caros leitores e afins, removamos a maquilhagem dos feitos passados e construamos a casa pelo alicerce e não pelo telhado. Ousemos assentar bases perenes de dignidade e integridade humana como paradigma para o que há-de vir.

Podemos ter o coração estilhaçado, mas a Terra não vai parar de girar à espera que o consertemos.

Desculpem-me, mas falar com alma é tudo o que tenho.


Até mais ver,

sábado, 23 de janeiro de 2010

Eu tenho um Eufemismo (e vocês?)

O Direito Internacional ocupa-me os dias e as horas. Depois de uma maratona a resumir, organizar, qualificar e desesperar, fiz uma capa gira e fui imprimir os apontamentos. Mandei o senhor da reprografia imprimir frente e verso para parecer menos matéria. Dizer que se tem 122 páginas para decorar é mais bombástico do que afirmar que moram ali 61 folhas para memorizar. É tudo uma questão de nomes e de recursos de estilo. Hoje, sem querer, acabei de estilizar um comportamento com lírica pura. Hoje, sem querer, elaborei um Eufemismo. Agora, cada vez que me referir aquele troço de estudo vou-lhe chamar de "O meu Eufemismo".
Ora, caros leitores, vou ter com O meu Eufemismo. Vamos enlouquecer mais um bocadinho os dois, aprender coisas giras e curiosas, e depois voltámos. Quer dizer, volto. O Eufemismo vai ficar na secretária, quieto e riscado, como quem grita por mim.
Sim, estou oficialmente a descompensar. E daí? Vocês nunca tiveram um Eufemismo de estimação?

Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira (e o seu Eufemismo)

I should be sleeping like a dog



Este post é uma homenagem a todas as mulheres que conseguem trabalhar, estudar, ter vida familiar e pessoal, e ainda tentam manterem-se bonitas e aprumadas! Pronto, vá lá, e para alguns homens também.

Estou a ficar MALUCA! Vou-me demitir de tudo e vou lá para fora contemplar o ar.
Fui.

PS - Hoje voltei a ser apanhada pelos eficientes radares da nossa querida P*lícia de S*egurança Pública. É o que faz a mãmã emprestar o pópó. Só que desta vez a foto ficou tão engraçada (dado o meu estado de adrenalina e euforia) que perguntei ao Sr. Guarda se podia ficar com ela. Não contemplo o motivo, mas respondeu-me torto. Há gente mesmo muito reles e antipática.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Isabelle


J'Etais Là
Zazie
No post Amy, Marco A. recomendou-me esta francesa cheia de discos vendidos, mas pouco reconhecida fora da Europa (segundo consegui apurar). Eu não conhecia o seu trabalho. Confesso que não cultivo a minha cultura com música francófona, talvez por preconceito. A música Francesa é distinta da que se faz no restante continente europeu. A França praticamente não tem cultura rock, fazendo, nas suas ruas, um excelente Hip Hop (género que não aprecio), tendo uma cultura das outras artes digna de toda a história que possui.
Zazie surpreendeu-me pelo pop-rock fresco, com rimas e uma qualidade linguística incrivelmente surpreendente. Acho que Zazie consegue, com suavidade, explorar muito bem a complexidade do francês e das suas riquezas verbais. O teledisco desta música está muito bem conseguido.
Marco, obrigado pela sugestão.
Se Amy se referia a Amy Winehouse, este post chamar-se-á Isabelle, que é o primeiro nome daquela que tem como pseudónimo Zazie.
Até à próxima,
Luís Gonçalves Ferreira

Imagination...




"There is no life I know
To compare with pure imagination
Living there you'll be free
If you truly wish to be"



segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Amy

Love is a Losing Game

Amy Winehouse

Provavelmente, a melhor música da (tímida) carreira da Amy.  Do álbum Back to Black. Dizem que ela voltará este ano, com mais originais. Espero e desespero. Ela, apesar de tudo, merece.


Luís Gonçalves Ferreira

Desabafo

"Já reparaste que és um rapaz novo e estás a ficar impossível de se aturar? Já não se pode falar para ti. Estás sempre a reclamar!"
P'la minha Mãe

Eu não era assim nem estava sempre irritado. Eu sorria, todos os dias, e era mais amigo dos outros. Eu era mais sensível ao meu redor. Agora, fruto de alguma coisa que desconheço, estou diferente. Para pior. Para muito pior. E isso deixa-me triste e cabisbaixo. Estou intimamente triste comigo próprio. Tudo, porque este não é o Luís, o meu Luís. Transfiguro-me com o stress que o curso causa em mim. Esta época vital estará, provavelmente, a ser das mais complexas da minha pequena existência. Não sei como lidar com isto. Não tenho guia de instruções para me compreender, porque já não sou eu.
Triste. É assim que estou. Infelizmente.
Perco, assim, a minha luz e energia próprias. 
Sou eu que tenho que me reencontrar, eu sei. Mas, por favor, façam um esforço para não exigir muito de mim. Sou só um. Um só corpo. Não me subdivido nem multiplico, apesar de alma, essa vagabunda, se estar a modificar, de dia para dia, como quem despe uma pele e encarna outra.
Hoje, confesso, estou francamente pequeno cá por dentro.

Luís Gonçalves Ferreira

domingo, 17 de janeiro de 2010

Haiti. Haiti.

Quando ligo o televisor e vejo aquele desfilar de desgraça, saque e pobreza no Haiti, lembro-me, sempre, destas frases retiradas d'O Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago:

"[...] com mil diabos, a cegueira não se pega, A morte também não se pega, e apesar disso todos morremos. [...]Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem"

São corpos abandonados nas ruas, a montes, onde os ritos religiosos não cabem na desgraça. São barracas, casas e palácios destruídos. É uma sociedade de rastos, onde os saques e a miséria humana se espelham. É nestas situações que nos apercebemos que o Homem não é senão um bicho, capaz de tudo. É nos estados de necessidade que tomámos nota da podridão da existência sem regras e Humanidade. É nestas alturas que todos, sem excepção, são capazes de comer terra e roubar como os bandidos que, numa sociedade estruturada, seriam condenamos à clausura e dominados pelas mentes.
É nestas alturas que me apetecia pegar nas bagagens e meter-me a caminho daquele reflexo do Estado de Natureza do Homem. É ali, onde o caos impera, que se devem ver os sentimentos, as vinculações e as relações em estado básico e puro. Era ali, dentro do mundo a sério, que me queria testar e ver do que era capaz.
É o choque que modifica o ser humano. É por isso que os tecnocratas não querem estar no Haiti, limitando-se a analisar os números da desgraça segundo o PIB e os Euros que a reconstrução custará. É pelo choque que os médicos, os enfermeiros e demais voluntários procuram a aventura de levar o humanamente básico aquele povo.
Ajudemos os haitianos com a pequenez de uma chamada.
Ligue 760 20 22 22

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

sábado, 16 de janeiro de 2010

Pensamento do dia

Quando nos tentarem tapar o topo da cabeça com areia
Estaremos aptos a reunir o nosso arsenal
E sacudir a poeira
Ontem, Hoje e Sempre
Amén
P.S: É o que dar estar fechada em casa. Peço desculpa pela agressividade, quiça, emotividade, deste meu pensamento.
Sem mais,

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Português médio

Quando quiser falar com um português e não o conhece, falha-lhe acerca do estado do tempo.
Perceberá quem ele é e se confia em si.
Depois, sinta-se à vontade e fale-lhe dos seus filhos e do seu cônjuge. A seguir contar-lhe-á a vida toda, inclusive do património de doenças que herdou dos pais. É toda uma árvore genealógica desenrolada em boca calma.
Contudo, não o tome como amigo nem conhecido. Existe uma grande probabilidade de lhe dizer mentiras, principalmente em relação aos bens materiais que possui. Se é classe-média baixa dir-lhe-á que vive numa barraca, que não come nem dorme decentemente e que o seu patrão é um explorador. Se é de classe-média não o encontrará num autocarro nem em outro transporte público. Existirão grandes probabilidades de ser funcionário do Estado ou ter uma pseudo-intelectualidade de novo-rico. Se for de classe alta não aparecerá à sua frente, porque eles não aparecem, nem lhe falará dos bens. Andam de Mercedes como os de classe-média, vestem-se como eles, mas comportam-se com distinção. A não ser que seja um novo-rico emigrante em França, Venezuela ou Canadá. Aí ostentará o ténis de marca, o carro de marca, as fotografias da família feliz na mansão enorme que fizeram por cá.
Ser português é viver de estereótipos e falar do tempo.
Eu evito-me a ser português por isto. Mas todo o português odeia um outro que lhe ensine qualquer coisa nova. Odeia, porque lhe cresce um febre por dentro, como quem se sente pequeno. O português médio respeita médicos e juízes, fala mal dos licenciados (malogrando-lhes o destino numa caixa de super-mercado) e detesta ricos. Somos socialistas em gema. Somos um povo de Esquerda que, mais tarde ou mais cedo, vai levar este burgo ao colapso moral, social e financeiro.
Hoje apetece-me destilar alarvidades, porque estou cansado.
Luís Gonçalves Ferreira

Gorecki



Arrisco-me a pedir perdão pela minha ousadia, mas só tenho música para vos dar.
Ando assim, como que perdida na minha insustentável leveza do ser.


Baci

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Rigor Mortis

O amor é morto.
A esperança é morta.
A fé é morta.
A caridade é morta.
A prudência é morta.
A gratidão é morta.
A fortaleza é morta.
A paixão é morta.
A temperança é morta.
A alma é morta.
A vida é morta.

Calou-se a vida,
Porque lhe sepultaram o corpo.
Apagou-se a chama,
Porque a terra lhe cortou o ar.
Estupidificou-se a existência,
Porque se lhe cortaram as vísceras.

Perpetuamente,
Ser sem jamais poder ser.
Definitivamente,
Um mero ensaio sem pausa, nem refrão.
Paulatinamente,
Corpo que se espelha em imagens com apagão.

Sem alma,
A vida é morta.

Toquem os sinos a defunto,
Quando a vida se transformar em nada,
Em simples corpo sem alma,
Sem Existência nem Vivência
Nem a Consciência
Que nem viver se sabe viver.

A vida é morta
Quando tudo apodrece,
De dentro para fora e
De fora para dentro, e,
Depois, enterra-se, morta.

Não há forças para Renascer.

A vida é morta quando
A existência e a felicidade
E a caracterização e o sorriso
E o humor e a tristeza
Estiverem amarrados a um cubículo qualquer.

A vida é morta.
Primeiro em pé.
A seguir no chão. Depois,
Em Rigor Mortis.

Toquem os sinos a defunto!
Há milhões de vidas mortas!
Rigor Mortis

Luís Gonçalves Ferreira
1 de Set. de 2009 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Inside my head I can be anything



Lá fora cai neve!

ROCK IN RIO IN ACTION

Se por um dia fossemos o Roberto Medina e escolhessemos as bandas do ROCK IN RIO 2010, quem é que vocês escoheriam?
Como democrata que sou deixaria o público escolher todos os dias do cartaz, menos um! E esse dia seria marcado pela presença das seguintes bandas:
- Rui Veloso
- Jason Mraz
- John Mayer
- Maroon 5
- Oasis
A única banda confirmada até agora são os Muse, mas há rumores da presença de Beyonce, Eminem, Daniela Mercury e Ivente Sangalo.
Os bilhetes estarão à venda a partir de Fevereiro.
Espero encontrar-vos lá!

sábado, 9 de janeiro de 2010

I can't get no ...

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
O meu mundo
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só quero estar
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Depois de ter subido mais um degrau neste longa escada da vida, apercebo-me que atingir a satisfação a todos os níveis é deveras complicado.
Não querendo afirmar que sou uma insatisfeita da natureza humana, mas a verdade é que estou (estamos?!) sempre à espera de qualquer coisa que nos faça atingir o culme da nossa felicidade. Não encaro a felicidade como um estado permanente, mas sim momentâneo. Tem-se momentos de felicidade. A seguir a essa felicidade vem a clareza do sentimento e depois atinge-se aquele estado mais calmo, de bem-estar com a vida. Se calhar, é nesse estado que me enconto, depois destes efémeros 19 anos de presença terrena.
Sinto um clima mais pacífico, não de altos e baixos. Talvez seja isto que se passa quando se chega ao estado adulto.
Será que é este o estado que todos os seres da nossa espécie alcançam? Ou será que a adrenalina é desejada?
De qualquer dos modos, será que é possível atingir, não digo a perfeição, mas o ponto mais alto dela?
Enfim, a certeza mais certa é que enquanto que o nosso coração palpita, existe sempre esperança!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Casamento entre pessoas do mesmo sexo

Hoje, em Portugal, depois de um projecto de Lei do Governo, a Assembleia da República aprovou, com a maioria de Esquerda, a legalização do Casamento Civil entre pessoas do mesmo sexo. Damos, enquanto Estado democrático, um importante passo para a tolerância social e o alargamento dos direitos, liberdades e garantias. Ao Estado, ao contrário do que se argumenta, não cabe acentuar discriminações negativas, que vedam direitos. Ao Estado não lhe devem restar funções de moralidade que negam a realidade efectiva das Pessoas, que são o seu Alfa e Ómega. Pelo simples facto de nascerem têm Dignidade.
O Casamento Civil é uma instituição jurídica que permite o acesso a uma ramificação de direitos privados, entre elas o da adopção. Parece-me pouco lógico que, ao admitir o Casamento Civil, se vede a adoptação de crianças. É como dar uma árvore e proibir o acesso a um dos ramos. Como consequência, este meio-direito concedido acabará por ser, mais tarde ou mais cedo, considerado inconstitucional por fiscalização concreta do Tribunal Constitucional (se não for vetado pelo Presidente da República e precipitada a fiscalização abstracta). Assim, a adopção, para além de já ser possível por via monoparental, acabará por se ver legalizada, por exclusão previsível da norma que, no actual diploma, a proíbe.
Como é comum nas políticas Sócrates, este diploma apresenta-se como uma aberração jurídica, que revela uma clara premeditação dos meios-sentidos e das entre-linhas das proposta. A adopção, a curto-médio prazo, será permitida. Aí o Direito já não será reflexo da vontade racional das pessoas, mas sim um instrumento de resposta a lobbys. É uma conjectura minha, é certo.
Se perguntarmos na rua acerca do assunto, provavelmente os portugueses concordarão com o acesso  dos gays aos direitos de herança e protecção social após a morte, típicos do Casamento Civil.  Quanto à adopção, penso que todos tomam consciência das dificuldades e problemas sociais que a criança  adoptada incorre ao ser incluída numa família "diferente". A desestruturação dos modelos sociais de família acarreta o empobrecimento de valores (extra e intra-jurídicos) que o próprio Direito reconhece como importantes vectores de desenvolvimento social, porque o ordenamento nacional encontra-se repleto de conceptualizações de origem extra-jurídica.
Assim, como imensos portugueses, fico insatisfeito com esta Lei aprovada no Parlamento. Penso que a proposta da bancada Social Democrata, que criaria uma nova figura jurídica - a União Civil (em muito inspirada na resolução inglesa para o mesmo problema discriminatório), faria positivar a opinião geral da Sociedade civil. Com tal instituto, os direitos civis vedados eram abertos aos homossexuais e a desfiguração da instituição Casamento não seria levada a cabo. Evitar-se-iam inconstitucionalidades adjacentes a algumas normas do projecto Socialista aprovado hoje.
Ao Estado não cabe a função moralizadora da Igreja, assente em verdades meta-físicas e dependentes de crenças particulares. Uma discriminação negativa (não se tratava o desigual de forma desigual, mas sim o igual de forma desigual) deve ser sempre combatida, espelhando-se realidades e convulsões sociais emergentes, que só engrandecem a amplitude democrática do Estado e das suas entidades. É pura aceitação da diversidade. Nada mais do que isso...

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

Ps.: Somos o nono país a aprovar o Casamento Civil entre pessoas do mesmo sexo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Acreditar: hoje e agora

Mal chegamos ao Mundo, é-nos contado que temos três grandes objectivos a cumprir antes de o deixar: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Conseguiremos acrescentar a estas premissas "Dar sem olhar a quem?"
Eu quero. E vocês?


"Do it des."

Fatalidade Conjugal

Eras a catraia dos contos de «Era uma vez...». Sempre o senti. Respiravas e transpiravas especialidade, originalidade e beleza natural. Estavas morena, tom que sempre apreciei. Eras média, tamanho que sempre me enlouqueceu. Tinhas umas mãos bem-tratadas, coisa que sempre me agradou. Falavas em canto pardaleiro, um misto de harpa e violino. Andavas como na "passerelle" floral de uma Primavera qualquer. Sorrias como quem dança. Dançavas como quem sorri. Tinhas tom e toque de donzela, mas genética de empreendedora. Tinhas um discurso fluente, inteligente e consciente. Não dizias bobeiras, nem bobagens. Amavas como quem canta "karaoke".

Eras amada de um jeito especial, quero que saibas. Após o 'terminus' fatal, tornei-me frígido e distante. Nunca senti nada assim. Aliás, acho que nunca sentirei nada por alguém assim. Um misto de consciência da distância com prazer de recordação. Eu amo-te, nunca duvido disso. Mas não sou capaz de te amar a 100%. Valorizo-me e sei os meus limites. Sei que mereces infinitamente mais do que este corpo, tantas vezes insuficiente, até i-libido. Não há Viagra psicológico que possa salvar este nosso status amórfico.

Eu e tu somos únicos. Qualquer ser humano que se preze afirma-se assim. Nós somos impecáveis, mas equidistantes. Fomos afastados pelos condicionalismos naturais. Foi, com certeza, um Deus matemático ou arquitecto que nos precipitou nesta vala. Transportou-nos para cenários paralelos, sem encontros informais. Não há cafés, nem cinemas, nem discotecas, que nos retirem esta clausura artificial. Vivemos assim, como alguém quis.

Não desvalorizamos as diferenças ou não fomos capazes de valorizar as semelhanças. Estamos um para o outro como a Coca-Cola para a Pepsi, como o Burger King para o Mc Donald's: os verdadeiros apreciadores sabem que a concorrência é natural, mas de certa forma artificial; há um melhor que outro, são fatalmente diferentes. Nós não conseguimos afastar as medidas da nossa (in)diferença. Vivemos incoerentemente assim. Pelo menos, não nos prejudicamos com as nossas mútuas incoerências. Acho que nascemos para manter este vínculo natural de forma filosoficamente imoral. Não nos deixamos desfrutar.

Luís Gonçalves Ferreira
29 de Julho de 2009

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Immerse your soul in love



Rows of houses, all bearing down on me
I can feel their blue hands touching me
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out

This machine will, will not communicate
These thoughts and the strain I am under
Be a world child, form a circle
Before we all go under
And fade out again and fade out again

Cracked eggs, dead birds
Scream as they fight for life
I can feel death, can see its beady eyes
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out again

Immerse your soul in love
IMMERSE YOUR SOUL IN LOVE

Radiohead

Tenho recebido umas mensagens que me pedem para falar de Amor, no seu sentido carnal entre dois tripulantes de uma mesma viagem à loucura. Sinceramente, não me escorre nada sólido - somente vagas eloquências minimais. Mas talvez seja como ele próprio: demasiado metafísico e não atingível de momento pelo dom das minhas palavras. Entretanto, sentimo-lo-emos, pois só assim será mais fácil dissecá-lo.
Perdoem-me. Prometo que vou submergir quando menos o esperar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Adeus, Lhasa de Sela



E foi-se mais um génio. Foi o cancro que a levou, aos 37 anos, depois de 21 meses de uma batalha desigual.
Aprendi a admirar o seu trabalho há pouco tempo, porque há pouco conheci a sua música. Versátil, incrível, humilde na sonoridade, forte na emoção, dizem que Sela era popular em Portugal.  Popular dentro de mim e do meu mundo musical é com certeza. E continua a ser.
Foi um prazer tê-la cá. O Mundo ficou melhor. A Música mais rica. A Arte mais diversificada. Engraçado, foi-se o corpo, mas o Mundo continua melhor, a Música mais rica e a Arte mais diversificada. É este o valor da obra genial!

http://www.marsab.com/artists/lhasadesela/lhasadesela3.jpg
Adeus, Lhasa de Sela.

Luís Gonçalves Ferreira

domingo, 3 de janeiro de 2010

Confrontos

Tenho vindo a considerar seriamente que deveríamos ter tido a sensata possibilidade de nascer com um botão de “slow motion”. Sinceramente, nem tenho vindo: posso afirmar com toda a certeza que nunca tive pressa de crescer. Agora, deparo-me com uma séria melancolia pelos tempos que já lá vão.
Começo pela saudade: tenho-a de brincar furiosamente; de esconder os brinquedos debaixo do tapete quando mos mandavam arrumar (e atingir uma felicidade tremenda por ter sido mais eficiente que a empregada); de ter medo dos monstros debaixo da cama; de acusar a fada dos dentes de roubo e injustiça; de poder descarregar adrenalina licitamente nos meus primos; de correr como uma desvairada, cair e esfolar os joelhos como se não fosse nada; de querer trepar às árvores mais alto que os outros e ter um tombo e respectivo galo em proporção (as quedas de hoje doem mais por dentro); de me empanturrar de iguarias sem ter medo dos quilos a mais; e de pintar as paredes da sala de estar com autênticas obras-primas.
Sinto tanta falta: de acordar a casa toda às seis da manhã para ver os desenhos animados; de não ter medo sequer do infinito, excepto do escuro; de só querer adormecer noite após noite no ombro do meu pai; de ser a menina dos olhos do meu avô; de fazer a sesta em cima da barriga dele; das nossas tropelias de melhores companheiros; de conseguir permanecer a noite toda acordada na tagarelice (não é que já não fale muito); do fruto proibido ser ainda mais apetecido do que agora; do coelho da Páscoa; de fugir a sete pés dos rapazes que gostava (isso também se mantém igual); e de ter chorado dias a fio com a desilusão pelo Pai Natal não existir.
Tão cedo – só se não quiser – não volto a: ser sereia na banheira; ter o cabelo mais longo de todos graças às saias-peruca da minha mãe; maquilhar-me – qual Van Gogh – com os seus batons por estrear; montar tendas aconchegantes na sala; ser piloto de rally dos carrinhos das compras; imaginar que o Mundo é todo meu; fazer do sofá palco e palácio – cenário para as minhas cantorias –; esmagar carritos de corda para simular acidentes (agora passei para a parte prática e mais perigosa) –; desmontar tudo o que me intrigava para dirimir os meus porquês de esfinge; e a treinar beijinhos na boca nos coitados dos peluches.
Apetece-me regressar ao ponto de partida quando: não tinha segredos; resolvia mistérios de brincadeiras que me roubavam completamente o sono; podia ser Sininho, Bela Adormecida e Cinderela; preferia o príncipe encantado ao lobo mau; chorava buliçosamente baba e ranho por crucialidades dos crescidos; lia um livro por debaixo da colcha com uma lanterna por já passar da hora do Vitinho; tinha a coroa e o ceptro do reino do “Não fui eu”; e não me obrigavam os meus odiados compromissos.
Nestes anos de faz-de-conta, também fui aprendendo que mentir para não magoar não era mentir de todo, e, inclusive, correr contra o tempo também não é pecado. A necessidade de adrenalina dos alvores da adolescência eterna e tentadamente mantida coabitam em contínua permanência comigo. É mutável, contudo cresce como uma erva daninha mal aparada, conforme à vontade de voltar a ser inconsciente e ter a consciência disso.
Não me venham com as sátiras da beleza de todas as idades. Não me acusem de padecer do síndrome do menino dos collants verdes. É esta vontade, é este o sonho, é esta a mágoa que tenho com um Cronos que dos rebentos se alimenta, que preservo na minha caixa de Pandora. É minha, como disse e repito, e guardo nela o que quiser. E bato o pé, e refilo até rebentar, e estrabujo com os braços, e rabujo com os dentes, como a menina mimada que tanto quis ser.