Prometeram-nos, um dia, que iríamos ser amigos para sempre. Sorrimos, mesmo sem saber se eram certas as palavras daquele mago adivinho. É um fardo pesado, esse. De Imenso. Bom de mais para ser verdade. Sabes, eu já tinha essa certeza. Sei-o, desde o momento em que falei para ti na primeira vez, lá longe, quando éramos farrapos de incertezas mergulhados num pote de óleo e água. Não misturávamos as substâncias, porque nos estávamos a conhecer. Não nos demos logo, porque a inteligência é o nosso forte. Fomos tornando tudo saboroso, à medida que o tempo foi passando. Sei que me conheces melhor do que alguém alguma vez ousou conhecer. Mas é em silêncio. Não dizemos nada um ao outro e vamos explorando os espaços e os gestos.
Falho mais vezes na tua vida do que tu na minha. E sinto mágoa por isso. Mas é tempo de ter força. E seguir em frente. Amigo não é só o que está no apogeu da Glória, mas o que acompanha, passo a passo, quando o tempo fica negro, escuro, e profundo de mágoa. Sei que vais ultrapassar tudo. Quero fazê-lo contigo.
Mantém a postura de bailarina. Alinha o sotaque e ajusta os dedos ao piano. Vem aí uma valsa dançada com mestria de génio. Para o pódio!
FORÇA!
Luís Gonçalves Ferreira