Isto de ficar enclausurada em casa, um pouco refugiada das relações sociais, fez-me ligar a televisão, de modo a sentir-me, fazendo juz às características intrínsecas de qualquer ser humano, social. Contrario, deste modo, a tese hobbesiana quanto ao isolamento do Homem, mas sinceramente, o pessimismo antropológico tem ganho terreno.
A sede é tanta de beber algum relacionamento social, que dei por mim a ver, escutar, reflectir o conteúdo do programa da "Tardes da Júlia". O tema, de hoje, teve como pano fundo "Fatalidades Conjugais". Mulheres, Senhoras que, de repente, acordaram do seu sonho cor-de-rosa e depararam-se com algo inesperado. Sim, é um facto que ninguém, nem a pessoa mais prevenida, está à espera de ser deixada repentinamente.
Ora, o primeiro caso retratou a história de uma mulher, aparentemente bem sucedida, que viveu durante uns efémeros anos, o conto de fadas que qualquer uma, um de nós anseia. Conheceu "o tal". Tudo fizera para a agradar, até ao momento em que se lembrou que, de facto, já não gostava dela. O desgosto foi tal que diz ela que nas relações posteriores, sempre se sentiu pronta para ir embora; ao primeiro sinal de fumo, já tinha as malas prontas para "fugir". Vê-se a desilusão e sentimento de falhanço estampados no rosto. Acredito que sejam marcas, melhor, cicatrizes que jamais serão alvo de esquecimento ou entendimento.
Para ser sincera dos três, o caso que mais me impressionou foi este. Uma mulher forte, madura, inteligente, mas já bem marcada pela experiência deste acontecimento.
Surge uma panóplia de questões (retóricas, por mais que não queiramos admitir!): será possível vivermos tão iludidas (os) com tudo o que se passa à nossa volta, que nem damos conta dos primeiros sinais de ruptura? Ou será, por outro lado, possível estarmos conscientes de tudo, mas não queremos cortar com a fita da triste, mas eventual "conclusão"?
Parece que se viveu durante aquele período de tempo numa ilusão. Acordamos naquele momento para a vida, para a realidade que não é de todo um conto para as criancinhas adormecerem.
Questiono-me e questionar-me-ei sempre que me seja possível e até encontrar a resposta.
A verdade é que nada nos é dado como garantido. Tudo é efémero. Mas terá de ser repentino? Os sentimentos demoram a ser construídos, mas será que uma leve brisa terá o poder suficiente para os abater, de uma forma cruel e abrupta?
Bem, um pouco ao jeito de Carrie Bradshaw, as relações sociais são e serão um eterno e profundo ponto de interrogação.
Sem mais,
7 comentários:
Olá! A querida Julinha está sempre lá como desculpa para não se estudar,não é?
É vulgar estagnar-se na sensação estanque de que estamos em constante permanência de perder a pessoa que gostamos quando tal já se passou. Não vou mentir: já me aconteceu e também quem não merecia já pagou por isso. Estas coisas são mesmo assim - nunca digas nunca.
Só espero - como eterna optimista e aprendiz que sou - que essa senhora um dia assente, pois lá diz o ditado "o que não nos mata, torna-nos mais fortes"! Para quê chegarmos a um destino e nem desfazermos as malas? E, tanto mais, não acredito que os sentimentos se desmoronem dessa forma; se o afirmam, é porque nunca sequer os houve.
Tenho algo em estrutura que me leva a altos voos filosóficos com amigos: nós só deixamos de gostar de uma pessoa se quisermos. Enquanto o desejarmos, essa sensação não se esvai. O que é necessário é o mínimo de cuidado e ponderação. Acredito que posso escolher de quem gostar, quem quero para mim. O coração tem razões que a própria razão desconhece - é verdade -, mas são contornáveis. Só é preciso encontrar a pessoa certa (vais saber quando a encontrares - e acredita, nunca é o primeiro :D ), e em vez do "Amo-te", será "Eu quero-te amar". :)
Se todas as pessoas fossem como eu não haveria emprego para os terapeutas de casais.
Não deprimemos, my love. Enquanto nos tivermos uns aos outros deixa isso tudo e tudo. Deixas-me angustiada assim *
Ainda vocês não me dão razão. E depois o irracional de tão racional sou eu. Está bem está.
Beijo ;)
A minha mãe se te apanha à frente, à conta dessas "racionalidades", nem queiras saber o que te chama! Não queiras não! :D
Já não há homens como antigamente tsc tsc. Começo a achar que a Di a a Dani têm razão: vou encontrar o meu num local qualquer recôndito de Portugal, numa aldeia esquecida. :)
A Nádia Dias passou-se... O que é que a tua mãe tem que ver com o assunto, ora explique-me lá como se eu fosse muito asentimental! :D
OMG já vamos começar?
Nádia: nas férias (espero que sejam grandes!) vamos conhecer Portugal de cima a baixo, dando preferência aos sitios do interior. Pode ser que por aí encontremos algum. De preferência que seja caladinho, não muito inteligente, respeitador (nós ditamos as regras) e que não faça a mínima a ideia do que sejam as PSP, computadores, e afins. Ah também que tenha jeito para limpar a casinha e pagar as continhas!! Nós simplesmente chegamos a casa, descalçamos os botins, vamos para o escritório fazer que trabalhamos e bebemos o chazinho com bolachinhas que ele já tinha preparado. UIII é assim que eu quero!
Para o Luís: pode ser que também encontres uma rapariga que te conquiste pela boca!! heheh imagina-te por baixo de um guarda-sol a usufruires da paisagem verde e a saboreares uma comidinha tradicional? hein, que dizes? Perdes logo essa racionalidade toda!!
Boa proposta para as férias??
Essa tua ideia não está nada má; porém, tenho que me opor qb,na medida em que a supra viagem é melhor ficar marcada para o fim do curso, pois até lá a palavra "compromisso sério" é-me de uma semântica muito cara :D
Aliás, o Luís já está conquistado por moi même pelo estômago e eu sou muito ciumenta. Inclusive, sou uma princesa como ele sonha, pois toco piano e falo francês. Palavras do nosso mui douto prof. Amorim! Isto de ficar fechada em casa leva-nos a elevar o ego a instâncias muito supremas.
Sim, estou passada, e?
PS - adorei a parte do "pouco inteligente", e do vice versa do "homem-cerveja-sofá" pelo "cházinho com bochinhas no escritório". Estas nossas conversas a ver as novelas da SIC traçam-nos os objectivos de vida de uma forma severa!
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