Em surdina, como num gemido, abri portas e visitei os teus segredos. Soube de tudo o que me tinhas contado. Sinceramente, apercebi-me que desconfiava de concludências vãs. Viajei, mais a fundo, como o sangue que destila o teu ser e as tuas brancas veias. Revistei as nossas memórias e retirei o pó que eu mesmo havia colocado para depois querer limpar. Fui mais a fundo e vi... fantasmas... os teus medos. Eram pessoas, espaços e máscaras. Imensas fantasias: um carnaval. Rasguei, a dentes de ferro, os papéis que restavam em ti. Desfiz as personagens que nos incomodavam. Chicoteei os demónios do teu templo. Varri a poeira dos teus bancos e janelas. E, a seguir, voei... para parte incerta. Para pessoa incerta. Percebo, agora, que o meu papel no mundo não é amar, mas preparar terreno mas outros o fazerem. Foi assim com deus, os homens e os demais que um dia ousaram trocar as coisas de sítio.
Luís Gonçalves Ferreira
1 comentário:
Isto é simplesmente a coisa mais bonita que li até hoje, ou estou definitivamente a precisar de ir para um retiro espiritual.
Não, não consigo dormir. :'(
Ilu*
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