quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Frasco de Fel

Tu sentes o meu coração a bater, forte. Dentro de ti, como a ferver, em panela lata, sem curva, mas cheia de manchas. Passo lento, pé entre pé, légua por légua, num caminho quase fundo de ferido de morte. Poltrona está vazia. A cama está vazia. O quarto está só como o peito ficou quando do canto desapareceste. A melodia do Adeus, que é o tempero dos anjos e santos, perdeu-se. Se pudesses sentir o coração a ferver, impaciente... Remedeio as hipóteses e fecho portas e não refresco as janelas dos quartos que já vi. E, provavelmente, a cura divina, esse frasco de fel, já não adianta de nada... já não sara nada... já não serve para nada.

Luís Gonçalves Ferreira

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