terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Immerse your soul in love



Rows of houses, all bearing down on me
I can feel their blue hands touching me
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out

This machine will, will not communicate
These thoughts and the strain I am under
Be a world child, form a circle
Before we all go under
And fade out again and fade out again

Cracked eggs, dead birds
Scream as they fight for life
I can feel death, can see its beady eyes
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out again

Immerse your soul in love
IMMERSE YOUR SOUL IN LOVE

Radiohead

Tenho recebido umas mensagens que me pedem para falar de Amor, no seu sentido carnal entre dois tripulantes de uma mesma viagem à loucura. Sinceramente, não me escorre nada sólido - somente vagas eloquências minimais. Mas talvez seja como ele próprio: demasiado metafísico e não atingível de momento pelo dom das minhas palavras. Entretanto, sentimo-lo-emos, pois só assim será mais fácil dissecá-lo.
Perdoem-me. Prometo que vou submergir quando menos o esperar.

11 comentários:

Jacque disse...

Radiohead! Simplesmente amo!

Abraço!

Paulo Oliveira disse...

bem, eu entrei e supostamente esta não é a melhor maneira de me hospedar num blogue, mas devo dizer que a música não fala de amor, como foi exemplificado. e o amor que aí é referenciado é amor pela humanidade, um pouco como problema-solução, toda essa música. :)

Luís Gonçalves Ferreira disse...

O amor não é um conceito afunilado e claro. Tem nuances. Parece que será esta a grande teoria da minha vida.
Analisar o amor como uma coisa única e exclusiva dos amantes é injusto. Aliás, é uma concepção injusta com o próprio amor e o sentir humano.
Amor de amante é uma coisa bem mais carnal, egoísta, que envolve, acima de tudo, respeito e anulação.
Existe o amor pela família e pelos amigos, uma coisa bem menos ciumenta e mais genuina. Separe-te de uma amigo por um ano. Se for verdadeiro, quando voltar vai parecer que ele nunca saiu dali. Irão recordar o passado e rir-se da meninice como se aquele espaço de tempo separados não existe. Afaste-te da tua mãe e vais reparar se ela te exige afecto para te dar afecto.
Se esta "categoria" de amor for verdadeira e cimentada a distância não afecta. Ao amor de amante basta um minuto intenso de carnalidade com outra pessoa que coloca tudo em riste. É a desconfiança no outro por nunca se ter confiado verdadeiramente nele, por falta de uma ligação verdadeiramente madura.

Depois, existe o tal amor pela Humanidade, que não é mais do que o amor colectivo ou a Caridade. É algo que apela às verdadeiras origens humanas e ao apelo por uma espécie de Direito Natural, supra-humano, que depende das condicionantes sociológicas e históricas. É uma projecção no outro da nossa auto-concepção.

Depois, sei lá, existe amor pelo cão, pelo carro novo, pelos ténis. É imediato e não carece de meditação. Por ser ainda mais imediato que o amor de amante deixa-se a coisa amada ainda mais rápido que o amante deixa a amada.

São graus de respeito, de química interior, de dádivas e compensações que estabelecem o sentido e o valor do amado e do amante.

E pronto. Como já sabes, sobejamente, é esta a minha teoria sobre o amor. Já postei coisa parecida no blogue.

Beijo

Nádia Alberto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nádia Alberto disse...

Jacque: Olá e bem vinda. É também das minhas bandas de eleição, facto facilmente constatável :)

Paulo: Hospeda-te á vontade e obrigada pela diligência. Mas, de facto, o que escrevi não serve de exemplo à música. Esta é simplesmente o que estava a ouvir no momento em que escrevi como resposta ao que me vão pedindo. Posso-te ter baralhado, mas se calhar não sigo os arquétipos típicos da blogosphera que porventura estás habituado a ver. Inclusivé, acerca disso, tenho bastante mais facilidade em retratar publicamente o que a música traduz do que o amor entre duas pessoas. Por escrito não é problema, mas torna-se demasiado pessoal, o que tento afastar deste piquenique.

Luís, Luisinho. Nós e o amor. Que fazer com ele? Espero que esta teoria um dia se resolva mais felicitamente em ti. Não te chamo mal amado, não me olhes com essa cara - somente acho é que ainda não atingiste esse cume como eu. Não podemos comparar o amor da mãezinha ou dos amigos com o amor carnal; ambos preenchem, mas em plenitudes totalmente ambíguas. Além de que a tua amante pode-se tornar a tua melhor amiga. Experimenta, eu também não acreditava. Tu sabes que não tenho medo do egoísmo de estar apaixonado(a), já falamos, divagamos, discutimos sobejamente isso. E pode parecer que estou a vilipendiar a minha mãe ou a vocês, contudo são realidades que assumo como completamente distintas, e não posso viver sem ambas. Cada um tem um papel discernível emotiva e passionalmente. É-nos intrínseco, e eu acho que com essa teoria assumes que tens medo de sentir. Não o sentir em si, mas o que o sentir traz. Não te tornes um Reis, my dearest friend. Tudo exige meditação: até o comprar o carro ou ter um cão. O amor é egoísta porque assim tem que o ser e pronto. É cruel, assassino, feroz, carnal, mas também tem os seus quids que a família ou os amigos por mais que tentem nunca irão dar, não é? ;)
Não te queiras deixar inanimado nesse ponto. Como digo sempre, o medo corta-nos as asas da liberdade. Eu prefiro ter medo de outras coisas *

Anónimo disse...

O medo deveria aparecer no dicionário como antónimo da vontade. Digo-o muitas vezes e não querendo ser convencida ou qualquer coisa que vos ocorra na mente, acho que tenho razão.

Remetendo agora um pouco para Ricardo Reis, quantas vezes já nos afastamos desta ou daquela pessoa com medo que ela nos faça sofrer?
Pois, este é o risco que corremos. Se esse individuo nos faz feliz e infeliz, mas os momentos de felcidade sem bem mais do que os de infelicidade, vale a pena deixar-nos levar!

O amor subdivide-se em várias categorias e o ser humano precisa de senti-las uma a uma para que se sinta completo e realizado.

Wish you blue birds people...e pra mim também heheh

Beijinhos
Dra Cromo Filosófica

Cariina* disse...

Oláá !
12, é bem dificil! talvez dos amigos e desses tempos mas de estudar matérias chatas não --'
Beijo*

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Eu luto-me para que percebam que eles são muito diferentes. Disse que eu que o amor é um conceito imensamente amplo. Percebendo as diferenças talvez se percebam melhor as chatices e não se coloque, injustamente, "o amor" todo no mesmo saco. É fazê-lo não se atendendo à génese das coisas. São diferentes? São, mas há afinidades. Acho que a afinidade maior ainda é a confiança e o respeito. Coisa que abundam nuns tipos de amor e escasseia noutros.

Não perceber a diferença é tu escreveres sobre o amor pela humanidade e virem-te dizer que, pura e simplesmente, aquilo não é amor. É amor pois. Na sua forma mais pura.

Eu não evito o sofrimento nem racionalizo as emoções. Eu meto-me às coisas, de cabeça. Mas amo-me primeiro a amar os outros.

:)

Beijos!

Eduardo disse...

Hello, consigo concordar com a Nádia, mas também contigo Luís – acho mesmo que aqui está em causa a observação do copo de água de ângulos diferentes: meio cheio, de um lado; e meio vazio do outro.

O Amor de que fala o Luís é um conceito bastante amplo – eu partilho mais da opinião da ilustre colega feminina, de um conceito de Amor mais restrito.

Virgílio Ferreira disse-nos um dia que o “Amor destrói, e a amizade constrói”, mas também já nos disse que o Amor é silêncio, e que as palavras não são suficientemente boas para o descreverem, apesar de através dele saírem as palavras mais belas.

Não obstante esta acesa querela doutrinal em relação ao seu conceito (pior mesmo do que a querela do Contrato Promessa do 410.º do CC), e à sua amplitude, Vinicius consegue dizer o que sinto em relação a essa coisa tão bonita, musicando uma das musicas mais belas que conheço:


Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão

(…)

A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba

Nádia Alberto disse...

Lady Di, my supreme godess! It's easy to drink your tears if you're killing your hopes and kissing your fears. It's easy to say goodbye if you're trying to live and wishing to...
Tens razão, lá tenho que o admitir também. Nada é perfeito, e se forem mais sonhos que pesadelos, porque não?
E não é blue birds, mas sim butterflies in the stomach! :D Sentes borboletas?

Luís, têm afinidades, está claro. Distingue-os então pelo prazer. É um ornato imperante, não o podes negar, o que o torna o ecstasy disto tudo. O gostares mais de ti do que os outros só o vejo como máscara: isso não é impeditivo de te apaixonares por um porto que abrigue emoções distintas. Um dia essa simetria ainda se há-de transformar em sinfonia. Simplesmente ainda não chegou a tua vez. Já passei por esses mandamentos, no entanto esta nova escolástica a todos nos calha. É complicado gerir a felicidade.

Edu, és um maktubiano dos meus e isso chega como resposta! Fico feliz. Ainda há esperança no meio duma sociedade que vive toda para os mesmos objectivos, sem cultivar o ser, e só o ter. Entretanto esses teus devaneios por Vinicius é que vou tentar fazer que não percebi! ^^

Kisses and hugs

Nádia Alberto disse...

Olá Mika! Uso este meio como resposta ao teu desabafo por mensagem, pois não te identificaste de forma a o fazer mais iluminadamente. De qualquer forma, penso que seja relativo a este post e, como tal, cá estou.
A tua questão sentimental, apesar de pertinente, é a mesma de muitos. Só considero sinceramente que a pessoa que contas que te "deixou" talvez precise de tempo para repensar, pois ninguém consegue deixar de "amar" de um dia para o outro, como ele ou ela te afirmou. Quando digo amar, digo-o da forma como se subentende explicitamente, que não é o mesmo que estar apaixonado por si só, ou outra coisa qualquer.
O meu conselho para os teus entretantos e justificados pêsames é não estagnares emocionalmente. Existiu em tempos uma filosofia helénica milenar, em que - se não estou em erro - Agatão afirmava que originalmente, ao nascermos, eramos todos andrógitas - vulgo, hermofroditas. Só que Eros, o deus do amor e da beleza de então, zangou-se com as promiscuidades e banalidades desses seres, dividindo-os. E só assim nasceram os primeiros homens e mulheres. É o versão paralela topologicamente do nosso Adão e Eva da Bíblia. Como tal, só nos completariamos se encontrassemos essa metade perdida, fruto do castigo divino, sendo que, para os pensadores desse tempo, seria esse o grande objectivo de vida da Humanidade.
Destarte, se essa pessoa que te "magoa" for a tua metade e já tiveste a oportunidade de a encontrar, por força do destino há-de voltar. Se tal não acontecer, acredita nesta pequena história e segue a tua vida, pois esta é feita de encontros e desencontros.
O amor é o campo de batalha dos fortes de espírito. Boa sorte para a guerra. E não te esqueças que nela vale tudo! ;)