Quando é que o cativeiro
Acabará em mim,
E, próprio dianteiro,
Avançarei enfim?
Quando é que me desato
Dos laços que me dei?
Quando serei um facto?
Quando é que me serei?
Quando, ao virar da esquina
De qualquer dia meu,
Me acharei alma digna
Da alma que Deus me deu?
Quando é que será quando?
Não sei. E até então
Viverei perguntando:
Perguntarei em vão.
Fernando Pessoa
Num serão passado na companhia de amigas, daquelas que nos fazem pensar no impensável, vi-me a deambular pelo meu "mundinho interior", um mundo cheio de dúvidas, de questões para as quais não encontro resposta e tenho medo de as encontrar.
Não consigo descrever aquilo que senti, e que muitas vezes sinto, sem me perder na confusão dos meus sentidos, e nada melhor que a poesia para me auxiliar.
Utilizo Fernando Pessoa como a minha voz, aquele que através de palavras conseguiu exprimir aquilo que sinto, aquele que se questiona sobre o mesmo que me questiono, aquele que viverá perguntando, mesmo sabendo que em vão.
Sem mais,
Ana Rodrigues
3 comentários:
Encontra-te e responde-te. As respostas estão em ti própria, nunca nas questões e nas vivências dos outros. Os demais conseguem confundir-nos por via dos sentimentos que nutrimos por eles e pelos seus contextos. É o mesmo Fernando Pessoa que fala em racionalidade, como via do encontro dele mesmo. Os sentimenos, muitas vezes, afectam-nos o raciocínio lógico. Tenta pensar em ti. Talvez seja no espelho que te desates.
Beijoo
As amigas fazem destas coisas. Por vezes, duma forma muito saramaguiana, mostram-nos as coisas num tom completamente oposto ao que imaginavamos. Às vezes até da forma mais ingénua o fazem.
Não obstante, e duma forma não implicativa com Fernando Pessoa (loucura com a qual me revivo), prefiro ouvir a tua voz. Por não ser vã, e por ser o timbre duma amiga, que é o melhor som de todos.
Forçinha meu bem *
Fernando Pessoa, génio :)
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