quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UFAAA here comes my man





Que posso pedir mais? Tão invulgar e canta tão bem Maroon5...embrulhem-no e enviem-no para Portugal. Eu pago os portes de envio xD


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MALTA VS PORTUGAL


La Valletta: Grand Harbour




Guimarães: Oliveira


É tão bom voltar a casa...



Depois daquela língua estranha, daquele frio estonteante, daquela comida que metia nojo aos enojados, eis que, mais uma vez, senti aquela sensação reconfortante de pisar solo vimaranense, de respirar o nosso ar, de falar português...



De cada vez que saio deste meu canto, mais o valorizo, mais o sinto, mais o venero, mais percebo a sua autenticidade. Eu não sou uma mistura de culturas, não sou dali nem dacolá, não preciso de falar duas ou três línguas na minha cidade para me perceberem. Eu sou de Guimarães, vivo em Guimarães e aqui fala-se português.



Em Malta, a situação é completamente diferente. Fiquei com a triste ideia de que eles não sabem a sua origem, que não sabem de que é que são feitos. Valletta, a capital, é somente um pedaço de terra detentora de grandes edificios velhos de calcário, fazendo lembrar Marrocos, embelezada, unicamente, pela água que a rodeia. Os nomes das suas ruas remetem-nos para Londres. É uma cidade de altos e baixos, existindo uma avenida comercial, mas que em nada se assemelha à Oxford street da capital inglesa. Há uns que falam inglês, outros maltês. Maltês é uma mistura de inglês, alemão e italiano. É completamente incompreensível.

A cultura maltesa reflete as influências variadas dos países a governaram, como Inglaterra e Itália, mas não refecte a grandeza que caracteriza estes países.

Ora, caso queiram conhecer Malta, aconselho a visita a Valletta, mas a ficarem hospedados, por exemplo, em Sliema que é uma cidade que fica mesmo pertinho, mas é bem mais bonita. Ah e tentem ir a partir de Abril. Os preços dos hoteis disparam, mas compensa! Também levem a carteira bem abastecida, porque os restaurantes, cafés, bem como passeios de barco são carotes. A nível de recordações, não achei nada de anormal.


Como adoro vistas para o mar, de Valletta destaco: Grand Harbour. O passeio que dei por lá foi espectácular. Foi mesmo muito relaxante, apesar do frio que se fazia sentir.


Contudo, não pretendo voltar, nem me imaginava a lá ficar mais do que uma semana. Enfim, foi bom conhecer mais um país europeu.










domingo, 12 de fevereiro de 2012

De boas maneiras está o céu cheio

O que aconteceu às boas maneiras para deixarem de estar na moda? Que é feito do cavalheirismo, da generosidade, da boa educação? Foram dispensados em nome da “autenticidade” individual e do status social “pronto-a-servir.Um amigo meu, a quem reconheço lisura, polimento e formação, costuma ligar-me cada vez que necessita de um bom restaurante para jantar em Lisboa. Sabendo-o bon vivant e celibatário, pergunto-lhe quase sempre se o jantar é para "cantiga de amigo" ou para "cantiga de amor". Sendo que, depois disso, ele nunca me liga no dia seguinte, a agradecer a recomendação ou o sucesso na escolha do palco para jantar na cidade. No fosse a sua lisura, o seu polimento e a sua formação, poderia considerar que ele é apenas mais um daqueles tipos bem educados que simplesmente não tem boas maneiras. Contradição? Nem por isso. Um dos maiores receios da sociedade moderna ocidental é de que a civilização global massificada possa vir a dar origem a uma reação em sentido inverso, como um backlash social de cultura e de comportamento. O que pode existir depois do expoente da civilização, dos códigos de conduta, das regras tácitas estabelecidas? Tornarmo-nos nuns chatos de primeira. E, depois, acharmos que tudo seria melhor se fôssemos, acima de tudo, "individuais", como nos anúncios a bebidas alcoólicas, a instituições bancárias, a perfumes e desodorizantes, a automóveis, telemóveis e até imóveis. Seria melhor se, acima de tudo e de todos, fôssemos "indivíduos"? Seria a barbárie. Ou melhor, será a barbárie. Ou, pior ainda, já é a barbárie. "A epidemia da auto-estima infringe a regra elementar da civilização: a necessidade de preservar o que é melhor para o grupo", escreveu a colunista e investigadora australiana Lucinda Holdforth no seu ensaio As Boas Maneiras Ainda São Importantes?, edição para Portugal pela Bizâncio. Apesar do grafismo espartano do livro, mais adequado a um código de estatística e gestão, trata-se de uma tese desopilante e bem sustentada sobre a necessidade absoluta de recuperar os códigos das boas maneiras nas relações sociais modernas. Algo que nos faça ser menos animais e um pouco mais animados. Paula Bobone, especialista em etiqueta e bons costumes, explica: "Se o nosso lado animal não fosse civilizado, viveríamos todos de forma mais agressiva. A aplicação das boas maneiras não é ideal, mas é o melhor que se arranja. Os "últimos cinquenta anos, desde a emancipação feminina até hoje, puseram em causa o tipo de homem e de mulher que temos." Isabel Feio, psicóloga clinica, confirma a emergência: "Precisamos de um conjunto de quadros legais e religiosos que ditem as boas maneiras de vivência. Ouve-se muitas vezes dizer que, para se ter boas maneiras, basta ter bom senso, o que não me parece suficiente. Se ficássemos apenas pelo bom senso, correr-se-ia o sério risco de ficar aquém do que, para uns, seria o bom e o bastante, e além do que, para outros, é mau demais."No fundo, o problema remete para uma crise na autoridade, uma boa forma de culpar o governo (Bobone afirma que "o nosso Ministério da Educação deveria ser também o da boa educação") ou os rapazes que se esqueceram novamente da data de aniversário da namorada. "Pela diferença que, há séculos, existe nos percursos educacionais de rapazes e raparigas, tem sido notória a permissão para que os rapazes não tenham qualquer tipo de restrição nos seus comportamentos durante a infância e a adolescência", explica Isabel Feio. "Porém, passada meia dúzia de anos, as mulheres exigem-Ihes total distanciamento daqueles que vinham sendo os seus hábitos e comportamentos. Comportamentos estes que, poucos anos antes, vinham sendo patrocinados e aplaudidos por mães, tias, primas, vizinhas e mulheres no geral."Paula Bobone, que, em Setembro, vai lançar um novo livro, Eventologia, continua a achar que a nostalgia sexual é o futuro. "Um homem é um homem, um senhor é um cavalheiro. Um homem que não domine a arte cavalheiresca é boçal, é um bimbo. Quanto à tradição, é o que trazemos de trás. Mas a tradição tem de adaptar-se a evolução das coisas. A herança é preciso saber gastá-la, como se fosse uma grande fortuna." Mas, se isto continua assim, "ficamos todos possidónios". No passado Inverno, recuperei da rua uma máquina de costura antiga e experimentei deixá-la no patamar da escada que divido com os meus vizinhos da frente, um casal de sexagenários socialistas (mas não necessariamente colectivistas). A ideia seria oferecer a peça ao condominio do prédio e criar uma zona de familiaridade num dos patamares. Mas cometi um faux pas: não avisei ninguém. Por isso, no dia seguinte, o móvel tinha sido empurrado para a minha porta. Quando finalmente encontrei um dos vizinhos, comentei o facto, pedindo desculpas pela minha falha de comunicação e afirmando que a mesa de costura iria para a rua caso algum dos vizinhos mostrasse indignação pela sua presença no condominio. No dia seguinte, o móvel tinha voltado à zona desmilitarizada do patamar. Se aprendi uma lição? Não. Tinha-me apenas esquecido das lições que recebera de infância, na escola e em casa, o resultado de uma educação progressista, anglicana e justa. Diz Paula Bobone: "Deve parecer inato o que é adquirido. Ninguém nasce ensinado, mas a naturalidade deve sempre ser a regra máxima. O que é uma pessoa bem educada? É a que sabe ser natural na educação. Sendo que a sua educação é adquirida desde o berço." Daí ser essencial fazer-se a pergunta: as boas maneiras são apenas uma prerrogativa das elites? "É comum colocar no mesmo saco boas maneiras e rituais de etiqueta; como se respeitar o próximo e saber qual o talher apropriado para o peixe fossem rigorosamente a mesma coisa", explica Isabel Feio. "Na realidade, há um mundo enorme de diferenças entre uma e outra coisa, sendo que as boas maneiras são ingredientes que atravessam todos os níveis e grupos sócio-económicos." Paula Bobone acrescenta ainda que "acho essencial não ofender, não ser indelicado e ajudar o próximo. ‘A etiqueta é a pequena ética', dizia o outro. Mas as pessoas precisam também de ser éticas e estéticas, de ser sérias e honradas". As boas maneiras eram belas artes, mas já não o são, foram substituídas pelo livre arbítrio, que tem pouca arte e muito artificio. Antigamente, Luís XIV dizia: "O Estado sou eu." Depois, Flaubert escreveu: "Bovary sou eu." Agora, as pessoas afirmam: "Eu sou eu." Na obsessão de sermos melhores, esquecemo-nos de como ser bons. Já vimos do que é capaz o ser humano que se isole, como Crusoe, ou que se feche em grupo, como os concorrentes do Big Brother. Mas ainda no sabemos quais as regras institucionais de uma nova plataforma na qual passamos metade do nosso tempo útil: as redes sociais. No Facebook, já repetimos padrões reais, como ignorar ofensas, criámos novas terminologias, como o verbo "desamigar". Mas tudo o resto está por fazer. O Facebook é o laboratório onde se testam as novas maneiras de se ser bom ou civilizado. "Só esta globalmente preparado quem estiver atualizado com estes dois tipos de interação: real e virtual", confirma Isabel Feio. "Só assim se conseguirá um perfil de comportamento global que torna possível conviver com outras culturas, outras raças, outros credos, outras religiões, outros géneros e outras orientações sexuais." O primeiro passo foi dado. E agora, por exemplo, só nos esquecemos dos aniversários dos amigos... Que não estão no Facebook.

Miguel Somsen