segunda-feira, 6 de junho de 2011

História do Direito ou História a torto e a direito?

A verdade é que todos temos as nossas espinhas encravadas, calcanhares de Aquiles, fraquezas incontroláveis, minudências subjectivas de esforços rácio-inalcançáveis. Ou consideramos que assim o sejam. Afirmo diariamente, com toda a certeza atingível pelo meu fraco córtex cerebral, que a minha mente é a minha pior inimiga. Enquanto folheio, o que não significa, de todo, estudo, estes preciosos e atenciosos apontamentos e notas disponibilizados por colegas meus (e construo estas hipálages bonitas, porém nada construtivas para o esforço em questão), deparo-me com enormes querelas - que de universais pouco têm -, de carácter estritamente nominalista, epistemológico e gnoseológico. Não consigo, não gosto de, abstenho-me de, recuso-me até a estudar História do Direito simplesmente por se chamar História (do Direito).
Humanamente, que não humanitariamente (Raios te tivessem partido, Montesquieu!) nunca fui muito eficiente a lidar com o que não controlo, apesar de até me estimular, e esta ciência assemelha-se-me a uma hidra-de-mil-cabeças, incompatível com a minha serenidade e auto-estima intelectual. Sinto-me um Ícaro a chegar ao Sol nas vésperas da sua avaliação. É toda uma concepção teocêntrica que esta disciplina me despoleta. Deusifico-a, crucificando-me. Surgem-me, ao longo destas douradas páginas, questões de Fé, Dupla-Verdade, miticismos e afinidades electivas. O minha massa cefálica foge imediata e sagazmente (é macaca, a pérfida) para questões fiscais de dupla-tributação e, desta feita, para a conjuntura actual do País, déspotas demissionários, Troika, Europa, criação do Mundo, Big-Bang, Deus e Antigo Testamento. Leio platonicamente as cartas de Mandela como influência icónica do como saber estar numa cela e tirar bom proveito disso. Sustento horas a fio a minha afinidade com as coisas boas da vida e como estaria tão bem agora numa esplanada, conforme me recordam os convites que vou recebendo - via SMS incómoda (I wish!) e estridente (pi-rii-liii-liiii-liiiii) - de amigos ingratos e insensíveis à minha situação de clausura obrigatória. Como um canibal sedento de sangue (ar) fresco, mordo a língua quando recordo o dia em que disse "não há leis para me prender, aconteça o que acontecer".
Averrois assentava que as verdades da Fé não podiam contrariar as a Razão. Haverá Fé tamanha capaz de acalmar a Razão? Haverá jeito ou alquimia sustentável e calmante da já tipificada electricidade que de mim se apodera nestas alturas de estudo intenso e amargo?
A melhor ilação (vide, silogismo-não-judiciário) que retirei destes últimos dias é que sou uma jurista strictu sensu. Além de sabiamente louca, a minha felicidade depende inteiramente do alargamento dos prazos. O mais engraçado e irónico nisto tudo é que até sou mesmo feliz! É tudo uma questão de escalas: valores, pilares, resiliência e um sorriso fresco ao acordar. E aprendi também que fugimos a sete pés das coisas que mais gostamos: História sempre foi a minha tágide académica dos tempos de ouro, e hoje é a minha sereia, bela mas assassina. É todo este sincretismo-insano-apsiquiátrico e pluralismo nomo-genético que em mim se abate nestes dias. Peço-vos, encarecida e derradeiramente, não me tentem. Por favor, não me tentem. Suspiro e anseio, convosco, pelos dias a olhar para o tecto. Qual mote da SIC, estamos juntos! Habemus fide...


1 comentário:

Diana C. Machado disse...

Tu História, eu IED...Isto serve para demonstrar a nossa raça. Gostei do meu desfecho :) Tu irás com certeza gostar do teu também. Qualquer adversidade que possa eventualmente aparecer só nos faz crescer. Estamos constantemente a ser testadas, portanto, só nos resta agarrar o touro pelos cornos. Por isso, cara colega, pegue nesses apontamentos e no dia "D" descarregue com toda a sua subtileza, inteligência, soberbo raciocinio, fluidez na materna língua e brinque com as palavras da história da nossa ciência.

Espero que eu não faça parte desse grupo de amigos ingratos e insensiveis à tua situação xD ingratidão é pesada, prefiro insensivel só. Um copito para desanuviar só faz bem a qualquer cabeça perdida em palavras desconhecidas. Aposto que até quem as escreveu devia estar embriagado, pelo menos intelectualmente...exactamente tal como as nossas bebedeiras ;P

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