sábado, 2 de abril de 2011

Chegaste a um ponto que já não sabes quem és, aonde pertences ou do que realmente gostas. A sociedade, o produto da ocasião transformou-te. A metamorfose por que todos passaram e que tu criticaste insistentemente, apoderou-se de ti. Por mais que te custe aceitar, o passado é passado e não podes viver da mesma forma de há 5 ou 6 anos. Se a vida era mais colorida, concordo contigo. Mas, pensaste sempre no futuro e que este iria ser melhor. Viste que não. Agora isso está te a fazer sofrer. A pessoa X é agora a pessoa Y. A pessoa Y já não é mais a pessoa X que amaste. É impossível transformá-la no que foi. Por mais que te custe a encarar, temos que saber lidar com todas estas mudanças. A Oliveira de hoje não é a mesma de quando tinhamos 15 anos. Esta foi apoderada por novas pessoas de 15 anos. O bolo de chocolate não sabe ao mesmo que sabia. Pensar dói. Recordar traz saudade. Querias tanto que fosse possível apagar determinadas memórias, ainda que estas fossem felizes, porque assim afastavas a melancolia presente. A saudade faz parte de nós, se faz.
Concordo que seja estranho lidar com tudo isto. Nunca pensei que fosse tão dificil. Não é a idade que te pesa. O que pesa realmente é saber que não podes voltar atrás. E se voltassemos atrás, achas que iriámos ser mais felizes? A dúvida reina em nós. O pior de tudo é que todas as tuas certezas transformaram-se em incertezas.
Não vale a pena programar a nossa vida, ela encarregar-se-á de te virar tudo. Deixa-te levar. Deixa-te ir na maré. Se realmente existe destino, ele já está traçado. Aprende a relativizar os teus problemas. Assim, serás mais feliz e lembra-te que para conseguires amar os outros, tens que primeiro amar-te a ti.

Nunca te sentiste tão longe das tuas origens como hoje e isso faz-te sentir mal. Nunca quiseste ser uma pessoa do mundo. Sempre primaste por manter o teu ninho. Dás por ti a pensar que estarias melhor num sítio que jamais pensarias gostar. Tão estranho. A vida faz-nos destas coisas.
Só deviamos pensar quando realmente quisessemos. Por que raio é que a cabeça pensa sem termos dado ordens? Por que raio as ideias surgem sem permissão? Recuso-me a pensar e dou por mim a fazê-lo SEM QUERER. Não quero. Não preciso. Faz-me mal. Que se lixe: quero que a ataraxia e o epicurismo reinem em mim. Só assim irei atingir o culme da felicidade. Gostava de ter memória de peixe. Recordar arruina-me. Não sei quem sou e só de pensar que já tive tantas certezas em mim, deixa-me exaurida. Isto é meramente um momento que amanhã vai parecer ridículo, mas hoje faz pleno sentido. Não se diz que escrever diminui a sede de sentir? Estou a sentir-me mais leve e mais bem resolvida, apesar de se adivinhar uma grande insónia. Parvoíce minha. Estupidez de quem gosta de se martirizar com algo que ninguém dá bola. Este crescimento, todas estas transformações deixam-me assim.
O que mais me irrita é saber que são poucas as coisas que posso controlar. É horrível ter consciência da impotência que temos sobre a vida. Não me importava de carregar o mundo às costas, mas ter poder sobre tudo o que realmente me interessa. Era tudo muito mais fácil, pelo menos para mim. A incerteza do futuro tira-me o sono, tira-me o sossego espiritual. Alguém está a comandar o que me rodeia tal como fazemos com os "Sims", mas gostava de ser eu a comandante. É injusto. A nossa vida parece um jogo e não somos nós próprios quem a está a jogar. Por mais que achemos que temos controlo, chegamos à conclusão que é tudo treta.

Por isso, cada vez mais concordo com o CARPE DIEM. Resta-nos aproveitar o momento, saboreá-lo como se não houvesse amanhã.

3 comentários:

Anónimo disse...

Recordar é uma moeda de duas faces. Já escrevi aqui, certa vez, lá longe, que recordar é o tapete mágico de regresso ao país da felicidade. As coisas boas ou más, por acontecerem, são sinónimos de que quem anda à chuva molha-se. E desde quando é que andar à chuva é mau? Eu chamo-lhe genuinidade, força, imunidade, inteligência. Esta vida é um mistério. Experimenta fazê-lo enquanto tocas piano ou, se não o souberes, enquanto escutas um compositor que gostas. A melancolia flui e esvái-se ao som do compasso. Arrependimentos? Só do que não se faz ou do que não se ousou viver. Enquanto a força de carácter e a crença em ti própria forem os teus pilares, vais ter punho que chegue para levar este mundo e o outro à frente. Tive o privilégio de descobrir muito cedo isto, e, por mais que às vezes a porca torça o rabo, a vida acaba por me dar sempre razão. Sou-me fiel e este corolário é a minha paz.
"Não sou esquisita, sou selectiva". Perdoem-me este luxo. Tenho a sorte de me poder rodear de pessoas como tu, minha querida amiga vendaval, que são a minha prova viva que mais vale um mundo com mundos por dentro do que uma terra vazia! :)

Ilu*

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Resta saborear, como dizes, e retirar o que melhor existe para aplicar no futuro, não como modelo, espartilho ou corpete, como já escrevi, mas tão-só como cartilha de ensinamentos. O resto é pura relatividade. É saber lidar com o tempo. É a aprender com ele, como eu tento fazer. Como todos tentámos fazer. Se reparares nos meus últimos texto falo muito disso: do tempo. Acho que, como tu, nunca o senti tanto e tão ferozmente neste destilar doente da vida. É fatal, é cíclico, como as estações, como escrevi aqui no último. Saborear como se fosse um rebuçado. Na certeza que, mesmo que faltem na carteira, existe algum quiosque que o terá à distância de um esforço. A vida são rebuçados. Não só neles mesmo, mas constante tarefa de os ter, saborear e depois encontrar os seguintes para o mesmo processo.
(Ok, Luís e as suas analogias. Adoro-me. Eheh)

Beijoca, gostosa*

Diana C. Machado disse...

Estamos a ver o tempo a passar e eu a não gostar. Como sabem, gosto pouco que me alterem os planos e sim, gosto de determinadas rotinas, rotinas essas que muitas delas já foram abaixo. Ontem relembrei determinados momentos, estive com pessoas desses tempos e pronto fiquei nostálgica :p
Acontece aos melhores
Estou a tirar partido dos meus vários mundos e estou a gostar. É assim...
Love u guys *