quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reinado mental: demente

Toquem os sinos a defunto. Toquem. Resvalem os corpos à vala. E apetece-me compor mordacidades ao teu lado. É o sangue do nosso amor a destilar-me os recantos dos olhos.
GRITO!
Fere-me o sangue de ti. O peito de ti. Resvala. Resvala para a vala moribunda de ti.
PAUSA! Shiu, pede o tempo. Ele não manda. Ele não comanda.
A morte é mais poderosa. Põe e dispõe do corpo... como peças frias de um xadrez podre. 
AhAh. Pausa.
Gargalha a bruxa do canto do cemitério. Pobre alma. Instância enferma. Rosto de morte.
Pausa.
GRITO! Tropas de espíritos em linhas curvas. É uma visão. Pura visão. Visão de um país falido, esquecido. Espíritos ao recanto. Vem Pessoa. Nada de Quinto Império nas pérolas dos seus anéis de poemas. INFELIZ, grita o Rei. Pensava ser poderoso. Nada de nada.
Pessoa morreu. Todos os génios morrem.
PAUSA! Silêncio, pede o Grito. O tempo roubou-lhe o lugar.
Movimento. Barafunda. Confusão.
Ah-ah-ah. Ri a Princesa. De copas. Putas copas.
A pureza das palavras. Das feias palavras. O poder dos nomes. Dos nossos nomes. Da nossa boca. Das elites de estúpidas confusões de nomes. Poder. É isso. Poder de chamar. De apelidar. De definir. De condicionar.
Copas. Paus.
Confusão. Barafunda.
Risco a tela.
A confusão parou. O poeta recolheu. A princesa sussurrou e vez vénia à bruxa que era reina. Pouco belo e muito doente. Reinado mental: demente. E são assim as mentes. As vossas e a minha. Puta instância que acabou de criar esta metamorfose da mente.
Ponto-final.

Luís Gonçalves Ferreira

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