sábado, 7 de agosto de 2010

Diário de viagem II



Pedro,lembrando Inês

Em quem pensar,agora,senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer:"Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem,sermos o que sempre fomos,mudarmos
apenas dentro de nós próprios?"Mas ensinaste-me
a sermos dois;e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo,ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios,mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo,para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba.Como gosto,meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:com
a surpresa dos teus cabelos,e o teu rosto de água
fresca que eu bebo,com esta sede que não passa.Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,como
gostas de mim,até ao fundo do mundo que me deste.


Nuno Júdice


A saudade é portuguesa, e eu sinto-a. Neste incessante carpe diem próprio das férias, e muito longe de casa, senti a nostalgia dos instantes que me fugiram por entre os dedos - e deixei de confiar no incerto de amanhã. Senti a falta de ler na minha língua materna, e ousei-o. Senti o aperto no coração de o partilhar convosco, e fi-lo! Loucos, ignoramos que o destino, por vezes, se confunde com a brevidade de um verso.


Tsamina mina
Zangalewa
Cuz this is Africa! :D

Beijinhos!

1 comentário:

Luís Gonçalves Ferreira disse...

Muito muito bonito. E encaixou-se, aqui, no canto do peito, junto ao bate forte que é carne, como farpas encantadas que já nem doem. Todos sentem. Mas só em português se chama Saudade.

Beijinho