quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Português médio

Quando quiser falar com um português e não o conhece, falha-lhe acerca do estado do tempo.
Perceberá quem ele é e se confia em si.
Depois, sinta-se à vontade e fale-lhe dos seus filhos e do seu cônjuge. A seguir contar-lhe-á a vida toda, inclusive do património de doenças que herdou dos pais. É toda uma árvore genealógica desenrolada em boca calma.
Contudo, não o tome como amigo nem conhecido. Existe uma grande probabilidade de lhe dizer mentiras, principalmente em relação aos bens materiais que possui. Se é classe-média baixa dir-lhe-á que vive numa barraca, que não come nem dorme decentemente e que o seu patrão é um explorador. Se é de classe-média não o encontrará num autocarro nem em outro transporte público. Existirão grandes probabilidades de ser funcionário do Estado ou ter uma pseudo-intelectualidade de novo-rico. Se for de classe alta não aparecerá à sua frente, porque eles não aparecem, nem lhe falará dos bens. Andam de Mercedes como os de classe-média, vestem-se como eles, mas comportam-se com distinção. A não ser que seja um novo-rico emigrante em França, Venezuela ou Canadá. Aí ostentará o ténis de marca, o carro de marca, as fotografias da família feliz na mansão enorme que fizeram por cá.
Ser português é viver de estereótipos e falar do tempo.
Eu evito-me a ser português por isto. Mas todo o português odeia um outro que lhe ensine qualquer coisa nova. Odeia, porque lhe cresce um febre por dentro, como quem se sente pequeno. O português médio respeita médicos e juízes, fala mal dos licenciados (malogrando-lhes o destino numa caixa de super-mercado) e detesta ricos. Somos socialistas em gema. Somos um povo de Esquerda que, mais tarde ou mais cedo, vai levar este burgo ao colapso moral, social e financeiro.
Hoje apetece-me destilar alarvidades, porque estou cansado.
Luís Gonçalves Ferreira

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais uma vez revela um pessimismo, desta vez relativamente ao povo portugues.
Lamento dar lhe razao, mas a verdade é que o povo portugues so ostenta.
Bem, em relaçao à minha pessoa, não tenho culpa de gostar de coisas boas.
Como coisas boas não quero dizer que sejam caras, mas algumas delas são invariavelmente e extremamente caras (para o meu bolso)! Mas o qes e é a vida senao umas pequenas grandes extravagâncias!!

Apesar de tudo nutro um grande orgulho pelo nosso povo. Somos os conquistadores!!! Bem, neste momento só se for de dividas...

beijinhos*
p.s. tou cansada.

dra cromo filosofica